Morrer deve ser bom, todo mundo morre. A adesão do respeitável público é de cem por cento, sem devolução em sete dias na loja ou garantia de um ano de fábrica. É unânime, supremacista de todas as cores, credos, gêneros. Morre-se de todas as formas: por vontade própria, a contragosto ou distraído. “É comum”, como diz a rainha Gertrudes, mãe do abilolado Hamlet, príncipe da Dinamarca. “Tudo que vive morre, atravessando a vida para a eternidade”. Assista aqui.
TÃ, TÃ…
A morte, essa danada, campeia felizona por todas as plagas e assola geral. Legistas estão aí para provar. Ou o site Population Reference Bureau. Pode ser uma conta em papel de pão, mas os demógrafos fazem a progressão de nascimentos nos últimos 50 mil anos. Já somos, nascidos, mais de 108 bilhões de seres. Ok, 8 bilhões ainda vivos, o que é uma questão de tempo. As células de boa parte dessa ossada devem estar ainda por aí, depositando cálcio no solo e fertilizando o planeta.
TANTÃ…
É possível ver a morte com certo humor, ainda que mórbido. Logo ali, em um Diálogos Impertinentes sobre o tema, programa em forma de evento realizado na PUC de São Paulo entre os anos 1990 e 2000. A escritora Lygia Fagundes Telles e o infectologista David Uip conversam animadamente, em um distante outubro de 1996, sobre o assunto com os entrevistadores Mario Sergio Cortella e Caio Tulio Costa. Imperdível pelo contraste entre os dois entrevistados. Assista aqui.
TÃ, TANTÃ…
Outra diversão está na série de conversas do TED Talks. Para escolher a que melhor cabe na sua medida, digamos, acesse a busca e veja dez vídeos em que a dita cuja lúgubre permeia doce e meigamente tudo.
TANTÃ, TANTÃ, TÃ!
Abrir-se, falar, compartilhar. Sete amigas partiram desses princípios e criaram uma plataforma para discorrer sobre o luto. Entende-se, tema cercado de tabus. Enfrentaram-no, criando o Vamos Falar de Luto? em 2014. Histórias tocantes, doídas, enfim, o que assola a vida. Nem poderia ser diferente. Desde o ano zero, não há como fugir. A vida, essa sapeca, na verdade é de morte.
É JORNALISTA E ESCRITOR, AUTOR DO INFANTIL ‘ZIIIM’ E DE ‘ENQUANTO ELES CHORAM, EU VENDO LENÇOS’