1.) Nós, imprensa, precisamos parar de temer boas histórias geradas por iniciativas governamentais. Com medo de parecermos vendidos, partidários, de rabos preso, servidores de interesses alheios, ignoramos perigosamente ações que, sim, podem estar salvando vidas. Ao não mostrá-las, alimentamos o mais nefasto ciclo de emprego do dinheiro público. Se um político pensar que colocar R$ 28 milhões em um projeto social não lhe renderá visibilidade alguma, o que de fato acontece, ele fatalmente levará essa verba para outro lugar. Quando a publicamos, porém, damos um recado: "Cara, você está no caminho certo. Olha só como vale a pena." E, em uma camada um pouco mais profunda: "Estamos de olho."
2) Nós, jornalistas, não podemos jogar a toalha de nossas convicções. E, às vezes, isso pode significar sermos firmes em nossos ímpetos dentro das próprias corporações às quais servimos. Subo todos os dias até o sexto andar pelo elevador do meu jornal pensando na quantidade de famílias mantidas pelas empresas de comunicação. Seguranças, contínuos, profissionais de RH, de publicidade, marketing, comercial, cozinheiros, recepcionistas, diretoria. Só não podemos nos esquecer de que há uma figura central que mantêm toda essa máquina funcionando chamada repórter.
3) Nós, seres humanos brasileiros, precisamos acreditar que, passada a carnificina de nervos pré-eleição, precisamos fazer o melhor para reconstruir um País. Que essa função não cabe apenas a um presidente ou a um grupo político e que sempre vamos nos decepcionar esperando pela transformação messiânica, externa, enquanto seguirmos nos mesmos vícios internos de não olharmos para o outro, para as crianças e - principalmente a nós, jornalistas - para o lado.