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Coluna semanal do historiador Leandro Karnal, com crônicas e textos sobre ética, religião, comportamento e atualidades

Opinião|Leandro Karnal indica músicas clássicas para relaxar e aliviar o estresse do fim de ano

Indico música, apenas ela, para relaxar de verdade. Ouse algo que você faz pouco ou nunca: entregar o protagonismo da cena ao som

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Atualização:

Minha querida leitora e meu estimado leitor: vocês estão cansados? Eu sim. Muito! Esta crônica vem com o estresse das festas e com os gastos. O fim do ano demanda uma grande saúde do corpo e enorme equilíbrio de espírito. Viajar é uma delícia e, como todo adulto sabe, depois de uma viagem, necessitamos de férias do descanso, em outro lugar.

Vou sugerir algumas músicas. É uma experiência social. Sugiro localizá-la onde você estiver acostumado. Depois, ouvir de olhos fechados por alguns minutos. Sem celular tocando e sem ver outras coisas. Fechar os olhos e deixar as notas em fluxo suave. Nada de música de fundo, para refeição ou conversa. Indico música, apenas ela, para relaxar de verdade. Ouse algo que você faz pouco ou nunca: entregar o protagonismo da cena ao som.

Johann Sebastian Bach foi um compositor, cantor, maestro, professor, organista, cravista, violista e violinista da Alemanha. Nascido em uma família de longa tradição musical, cedo mostrou possuir talento e logo tornou-se um músico completo. FOTO DIVULGACAO Foto: DIVULGAÇÃO

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Minha primeira sugestão vem da ópera Orfeu e Eurídice, de Gluck. Imagine que estamos contemplando as almas que flutuam nos Campos Elísios e celebram a harmonia. Falo da Dança dos Espíritos Bem-Aventurados. Prefira a versão orquestral, mas há lindas interpretações para piano solo. É música lenta e doce, em tom menor. Escute várias vezes. Tente silenciar o pensamento racional. Entregue-se. Você está precisando! Está merecendo um momento assim. Deixe os sons do século 18 acalmarem o 21.

Continuando nosso tratamento contra estresse, fiquemos no mesmo século. A próxima experiência (ou você pode organizar tudo em uma playlist) é o Prelúdio do Cravo Bem Temperado: número 1, de J. S. Bach. Música direta e matemática em Dó Maior. Reorganiza nossas ondas cerebrais em repetições insistentes.

Gluck abriu, mas Bach seguiu. Vamos aos românticos. O Rêverie (Träumerei) de R. Schumann tem melodia fácil e propicia um devaneio para dentro. Pode continuar na mesma escola romântica, com o Noturno número 2 (opus 9), de Chopin. Menos conhecida do grande público, há uma melodia de um brasileiro que tem imenso poder de foco: Il Neige!, do carioca Henrique Oswald. Os bemóis se multiplicam no piano; os pensamentos vão adquirindo clareza.

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Se você se permitir dez minutos desse exercício, sentirá a diferença. Se todos os dias se entregar a algo similar, creia-me, a vida ficará menos pesada. A música pode acelerar, despertar, emocionar. Aqui indiquei algumas notas para desestressar e sobreviver a esta alegria obrigatória e exaustiva do fim de ano. Escute, de olhos cerrados, e depois caia na folia se desejar, renovado e com saúde mental. Esperança de um grande 2024!

Opinião por Leandro Karnal

É historiador, escritor, membro da Academia Paulista de Letras, colunista do Estadão desde 2016 e autor de 'A Coragem da Esperança', entre outros

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