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Editora apresenta primeiros títulos e promete catálogo forte de ficção estrangeira

Estreia da Rádio Londres, com sede no Rio de Janeiro e publisher italiano, será com 'Viva a Música!’, ‘Stoner e ‘A Vida em Espiral’

Foto do author Maria Fernanda Rodrigues
Por Maria Fernanda Rodrigues
Atualização:

O cenário não é dos melhores. Há pelo menos dois anos o mercado editorial brasileiro não registra crescimento real. A boa ficção literária para adultos raramente entra nas listas de mais vendidos – povoadas por livros juvenis (geralmente séries, sagas e distopias), romances para o chamado público “jovem adulto” e obras religiosas. E é consenso dizer que são as compras governamentais que sustentam muitas editoras. Isso não inibe, porém, o surgimento de novas casas que prometem não se render às leis de mercado.

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No fim do ano, a Mundaréu e a Poetisa lançaram seus primeiros títulos. A primeira, de Silvia Naschenveng e Tiago Tranjan, se dedicará, por ora, à literatura europeia da primeira metade do século 20 e à filosofia. A segunda, de Cynthia Beatrice Costa e Juliana Lopes Bernardino, vai investir em boas traduções e edições caprichadas especialmente de clássicos inéditos no País.

Agora, quem faz sua estreia no mercado nacional é a Rádio Londres. Sua meta é publicar bons livros de ficção de autores contemporâneos do mundo todo. 

Da esquerda: Andrés Caicedo, Abasse NDione e John Williams, os autores que marcam o início das operações da editora Foto: Reprodução

À frente da editora está o italiano Gianluca Giurlando, que deixou seu país aos 20 e morou por 15 anos em Londres, quando trabalhou como jornalista financeiro e fez doutorado em filosofia e teoria política. Ainda na Inglaterra, ele, um apaixonado por literatura, começou a pensar em abrir uma editora – e, querendo dar um novo rumo à sua vida, viu o Brasil como um destino possível. “Eu já conhecia o País e falava português. Achei o mercado editorial interessante, jovem, com uma nova geração de leitores curiosos e interessados em livros de autores nunca traduzidos. E vi que não havia um número alto de editoras independentes de qualidade aqui – e este é um modelo muito familiar para mim.”

Considerando que havia espaço para seu projeto, o editor passou 2014 atrás dos direitos dos livros que queria publicar, e encontrou outros pelo caminho. No prelo, estão 15 obras. Para chegar com mais força às livrarias e garantir uma maior credibilidade à empresa novata, Giurlando diz que sua estratégia foi acumular um certo número de livros antes de publicá-los. Três deles estão prontos e serão distribuídos em até 15 dias. Uma das apostas é Viva a Música!, único romance concluído pelo escritor colombiano Andrés Caicedo, morto aos 25. O livro é de 1977, mas o lançamento, agora, coincide com a estreia, no Festival de Sundance, de filme baseado nele. Saem ainda, Stoner, livro do americano John Williams (1922-1994) elogiado por Julian Barnes e que acompanha 50 anos da vida de um professor universitário filho de camponeses humildes. E A Vida em Espiral, do senegalês Abasse Ndione, noir africano sobre um motorista de táxi que decide vender maconha. Até o fim do mês estão previstos ainda Estação Atocha, do americano Ben Lerner, e Minotauro, do israelense de origem russa Benjamin Tammuz (1919-1989). A ideia é lançar 13 livros este ano.

(Atualizada às 16 horas de 12 de janeiro)

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