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Os segredos da Marvel: livros mostram os bastidores da gigante dos heróis

Autores mergulharam no universo cinematográfico desde os primórdios, quando ainda o MCU ainda não era o que se tornou atualmente

Por David Betancourt
Atualização:

A verdade é que construir um universo cinematográfico interconectado, que é palco para 23 filmes, não é tão fácil quanto a Marvel Studios faz parecer.

O universo cinematográfico da Marvel (MCU, na sigla em inglês) surgiu em 2008 com poucas palavras simples, quando Robert Downey Jr., na pele do playboy bilionário Tony Stark, disse ao mundo: “Eu sou o Homem de Ferro”. Quase uma década e meia depois, a Marvel Studios é a campeã indiscutível do cinema inspirado em quadrinhos, uma verdadeira superpotência de Hollywood com alguns dos filmes de maior bilheteria de todos os tempos.

Em 2008, Robert Downey Jr. estrelou 'Homem de Ferro', considerado o primeiro filme do MCU. Foto: PARAMOUNT PICTURES

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Mas qual é a história de origem do MCU?

Este era um segredo deixado para a imaginação de um fandom sempre especulativo - até agora.

The Story of Marvel Studios: The Making of the Marvel Cinematic Universe, de Tara Bennett e Paul Terry, documenta eventos antes e depois do Big Bang do MCU. Os livros (no plural, pois são dois volumes), com mais de 500 páginas cada, poderiam substituir um kettlebell no treino de levantamento de peso do Chris Hemsworth.

Em janeiro de 2017, Bennett e Terry, ambos fanáticos por cinema, foram escolhidos pela Marvel Studios para explorar a possibilidade de narrar a primeira década do MCU. Ambos já tinham experiência em documentar momentos da cultura pop, trabalhando em livros e revistas sobre programas de televisão, como Alias e Lost. A Marvel deu acesso total aos autores, desde entrevistas com executivos até visitas ao set e sessões de teste.

“A intimidade do envolvimento foi o máximo que já tivemos”, disse Bennett ao Washington Post. “Foi muito gratificante e surpreendente, no melhor sentido”. Ela disse que a quantidade de tempo que “todos davam a eles” indicou o quão importante o projeto era para própria Marvel Studios.

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A obra pode ser um choque para as pessoas que estão sempre ligadas. A Marvel é famosa por seus segredos e sigilos. Então é impressionante ver o presidente da Marvel Studios, Kevin Feige, produtores, diretores de arte e atores falando abertamente sobre o MCU. A maioria estava acostumada a quase não falar - ou falar sem dizer quase nada. A reticência fazia parte da cultura sem-spoiler. De acordo com Bennett e Terry, alguns entrevistados sentiram que era catártica a oportunidade de falar sobre seu trabalho.

“Cada entrevista foi realmente maravilhosa pela franqueza, porque, todo mundo dizia ‘é o livro da Marvel? E eles querem que a gente fale?’”, disse Bennett.

O conjunto de dois volumes vai desde a década de 1990, quando Feige trabalhava como assistente da produtora de cinema Lauren Shuler Donner, até o momento, em 2009, em que a Disney desembolsou US $ 4 bilhões e mudou o destino da Marvel Studios para sempre.

Hoje em dia, o sucesso da Marvel parece uma conclusão inevitável, mas Bennett e Terry investigam os obstáculos que se impuseram ao longo do caminho.

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Por exemplo, a Marvel quase não obteve a aprovação necessária para usar o rock clássico do Black Sabbath que agora é sinônimo dos filmes do Homem de Ferro. Mas as reuniões de última hora para obter a aprovação corporativa (ou seja, para gastar o dinheiro para garantir os direitos) salvaram o dia.

Enquanto isso, as negociações com a Sony para trazer o Homem-Aranha para o MCU foram tensas. Não foi fácil para a Sony renunciar ao seu status de campeã dos pesos-pesados dos filmes de super-heróis, e a empresa não estava disposta a aceitar que precisava da ajuda de um dos super-heróis mais populares de todos os tempos.

Os livros também respondem a perguntas que incomodam os superfãs. Por exemplo, por que o admirado cineasta Edgar Wright não dirigiu o primeiro dos vários filmes do Homem-Formiga depois de estar vinculado ao projeto por tanto tempo? O MCU tinha se tornado uma rede extensa e interconectada, que não era necessariamente o que Wright havia imaginado, de acordo com Bennett e Terry.

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Cena de'Homem Formiga', uma superprodução da Marvel dentro do MCU, que conta com 23 filmes, além de séries. Foto: Disney/ Buena Vista

“Acho que os fãs do MCU, conforme forem lendo os livros, conforme forem avançando capítulo a capítulo, ano a ano, acho que os fãs vão sentir os riscos aumentando em escala exponencial”, disse Terry. “Sentimos tudo isso enquanto contávamos a história”.

Assim como a Marvel teve dores de crescimento ao longo do caminho, o desenvolvimento do livro também passou por contratempos.

Enquanto Bennett e Terry davam os retoques finais nas obras, em março de 2020, o mundo fechou. Mesmo assim, os escritores disseram que a pausa acabou beneficiando o trabalho deles.

“Você tem que pegar limão e fazer limonada em tudo e, para nós, a limonada, com a pandemia fechando (tudo), foi literalmente a primeira vez que a Marvel Studios teve que parar”, disse Bennett. “Desde o (primeiro) Homem de Ferro (filme), eles nunca tinham parado”.

Os produtores agora tinham mais tempo para revirar celulares, arquivos e depósitos em busca de relíquias do MCU que provavelmente teriam permanecido no escuro se todos os estúdios da Marvel não tivessem parado para respirar depois de trabalhar direto por uma década.

“Foi uma cornucópia absoluta e gloriosa de material extra que conseguimos obter de fotos, lembranças, e-mails pessoais... e tudo isso veio de pessoas que tiveram que parar porque o mundo parou”, disse Bennett. “E isso foi uma vantagem para o livro (...) conseguimos uma camada extra de participação e pesquisa. E todas as vantagens que daí resultaram”. / TRADUÇÃO DE RENATO PRELORENTZOU

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