O escritor norueguês Jon Fosse foi o grande vencedor do Prêmio Nobel de Literatura nesta quinta-feira, 5. O reconhecimento vem por “suas peças e prosas inovadoras que dão voz ao indizível”, segundo a Academia Sueca.
Fosse é dramaturgo, poeta e romancista. Ele possui livros publicados no Brasil, como É a Ales, com o selo da Companhia das Letras, além de peças montadas no País. Em novembro, a editora Fósforo planeja publicar o romance Brancura.
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O autor também já deu uma entrevista a Ubiratan Brasil para o Estadão em 2016. A conversa ocorreu pouco antes de Fosse lançar o romance Melancolia pela editora Tordesilhas.
À época, o escritor refletiu sobre a literatura, sua própria criatividade e os “deveres” de sua profissão. “A literatura existe quando um conteúdo e uma forma criam um universo único, governado pelas próprias leis”, declarou ele.
Para Fosse, conteúdo e forma, na literatura, são inseparáveis, ”como alma e corpo no ser humano”. Ele descreveu que, ainda, é necessário transformar conteúdo e forma em “uma unidade com uma força transcendental”.
A literatura não é feita de conceitos, ela dá forma à experiência, à vida.”
Jon Fosse
O escritor descreveu suas inspirações, como Samuel Beckett, a quem chamou de “pai literário”, e Tarjei Vesaas. Quando perguntando sobre como decide se irá escrever peças de teatro ou prosa, ele respondeu: “Simplesmente, começo a escrever. [...] Quando escrevo, ouço. E, num determinado momento, sinto que a peça ou o trabalho de prosa está ali, pronto, só tenho de colocar no papel o mais rápido possível, antes que desapareça.”
Fosse expressa firmeza ao definir o que considera ser a única obrigação de um escritor: escrever bem, do modo mais autêntico possível.
Adicionar desígnios morais, religiosos e políticos é contrário aos elementos fundamentais da arte: isto tem de acontecer. Como uma dádiva. E, neste caso, atende também à sua exigência ética. Escrever mal não é só isto, é falta de moral, de certa maneira, um pecado.”
Jon Fosse
Ele também é seguro ao negar que a literatura de ficção pode se misturar com o factual. Para ele, existem distinções claras entre História, literatura e jornalismo. “A literatura é mentir de maneira que seja verdade”, descreve.
“Jornalismo é jornalismo. Literatura é literatura. Esta distinção sempre existirá e estou certo que veremos a diferença de modo mais claro no futuro.Hoje, a História está muito interessada em detalhes. A literatura está assumindo seu lugar?”, questiona. Leia a entrevista completa aqui.