Um republicano nos Estados Unidos está ganhando popularidade ao atacar o romance sobre a escravidão Amada, de Toni Morrison, uma autora negra ganhadora do Prêmio Nobel de Literatura, enquanto conservadores em todo o país acusam as escolas de promover um ensino que culpa os brancos.
Os ataques parecem estar dando resultados para Glenn Youngkin, um rico empresário que concorre na terça-feira ao governo do estado da Virgínia contra o ex-governador democrata Terry McAuliffe.
Youngkin concentra seus ataques a McAuliffe em torno de um caso envolvendo o uso do livro Amada em escolas da Virgínia.
Baseada em fatos reais, a obra conta a história de uma ex-escrava de meados do século XIX que decide matar sua filha para que ela também não seja escravizada.
O celebrado livro lançado em 1987, vencedor do Prêmio Pulitzer, foi transformado em filme em 1998, estrelado por Oprah Winfrey. A escritora também recebeu o Nobel de Literatura em 1993.
Em seu retrato dos horrores da escravidão, Morrison usa representações gráficas de sexo e violência.
Assim, em 2013, uma mulher branca da Virgínia, Laura Murphy, iniciou uma longa batalha contra a inclusão deste livro nas aulas, dizendo que o mesmo havia provocado pesadelos em seu filho.
Murphy ajudou a persuadir o legislativo do estado a aprovar uma lei que daria aos pais o direito de excluir das tarefas de seus filhos as leituras que considerassem sexualmente explícitas.
McAuliffe, que era governador, vetou o projeto de lei e outro semelhante, por considerá-los um ataque à liberdade de expressão.
Youngkin está aproveitando esse episódio para promover sua candidatura ao apresentar Laura Murphy em um anúncio muito visto na semana final da dura campanha eleitoral.
A Virgínia teve uma inclinação democrata nas últimas eleições, mas Youngkin e os republicanos estão mobilizando eleitores indignados com as restrições relacionadas à covid-19 e com as reportagens, em destaque na mídia conservadora, que questionam o ensino da chamada "teoria crítica da raça".
Essa abordagem de ensino da história americana, que propõe que o racismo está incrustado no sistema legal, gerou um debate acirrado em todo o país.
Ela não está no currículo escolar da Virgínia, mas Youngkin é aplaudido quando promete bani-la, de acordo com o The Washington Post.
A campanha de McAuliffe a rechaça como uma tentativa de alimentar as "guerras culturais" que dividem o país.