Livro mostra trajetória da criadora do Théâtre du Soleil

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Por AE
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Nas últimas semanas, o nome da companhia francesa de vanguarda Théâtre du Soleil ganhou destaque na agenda cultural da cidade. Pela primeira vez, a consagrada diretora Ariane Mnouchkine e sua trupe encenaram "Os Náufragos da Louca Esperança" por aqui, durante este mês. Os ingressos das apresentações se esgotaram no primeiro dia de venda e muita gente não conseguiu lugar na plateia. Para esses - e também para aqueles que viram a peça e se interessam pelo trabalho do grupo -, acaba de chegar às livrarias "A Arte do Presente". O volume reúne uma série de entrevistas feitas com Ariane pela autora do livro, a crítica teatral Fabienne Pascaud. Outra oportunidade para conhecer a fundo uma das maiores diretoras em atividade no mundo é a exibição hoje, às 18h, na Sesc TV, do documentário Ariane Mnouchkine e o Théâtre du Soleil. O programa apresenta a trajetória do grupo, com fotos e cenas dos famosos workshops de teatro ministrados por Ariane ao redor do mundo. Juntos, livro e documentário se complementam na missão de recriar os primeiros passos da companhia e mostrar o que fez dela um sucesso.Filha de pai russo e mãe inglesa, Ariane Mnouchkine nasceu em Paris, em 1939. Seu pai, Alexandre Mnouchkine, era produtor de cinema. Na publicação, a diretora lembra dos sets onde esteve ao lado dele. "Lembro-me especialmente da filmagem de A Águia de Duas Cabeças, de Jean Cocteau. Eu tinha 8 anos. Fiquei maravilhada com a última cena", revela. Ainda assim, Ariane diz que nunca teve vontade de trabalhar diretamente com cinema. A relação com o teatro começou durante um período em que ela esteve na Inglaterra, estudando na universidade de Oxford. Foi ali que o teatro universitário conquistou seu coração. "Pronto, é isso! É isso a minha vida", recorda-se, no livro. De volta à França, estudou psicologia em Sorbonne e fundou a Associação Teatral dos Estudantes de Paris, ao lado de colegas. Em maio de 1964, nasceu o Théâtre du Soleil. Ariane tinha 25 anos. A primeira montagem do grupo foi "Os Pequenos Burgueses", de Górki, que obteve um certo reconhecimento local. Para dirigir a peça, Ariane conta que fazia a marcação dos atores com soldadinhos de chumbo em uma maquete. Os atores mais experientes ainda implicavam com o jeito dela trabalhar.Uma das boas histórias do período é a de que o grupo cogitou financiar as peças criando carneiros. Para isso, um dos atores chegou a se inscrever em um curso preparatório. "Tivemos um momento de lucidez. A situação não estava fácil para os pastores", conta ela, no documentário.Uma das explicações para o êxito do Théâtre du Soleil deve estar na paixão da mestra, que fala, encantada, sobre os espetáculos, nos quais diz sempre notar algo novo. Em um dos encontros com a autora de "A Arte do Presente", Ariane garante: "O teatro pode contar tudo! Nós é que nem sempre sabemos fazê-lo". Humilde, como os sábios são. As informações são do Jornal da Tarde.

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