Falam muito, com toda a razão, do espetacular trio goleador do Barcelona, Messi, Neymar e Suárez. Mas por trás deles está o cérebro ardiloso, e impiedoso, do Iniesta. Costuma-se comparar jogadores como o Iniesta a maestros no comando de uma orquestra. No caso do Iniesta, a comparação mais exata é com um inquisidor numa sala de torturas, escolhendo o martírio a que submeterá quem teve a ousadia de pensar que escaparia. E despachando friamente seu trio de carrascos para executá-lo. Nem sempre dá certo, claro. O Barcelona não é imbatível. Mas nenhum outro time do mundo está tão perto de ser.
A tática do “deixa eles virem” do Barcelona é a mesma usada há 40 anos, no Congo, que então se chamava Zaire, na mítica luta entre os pesos pesados Muhammad Ali e George Foreman pelo título da categoria. Durante sete rounds, Ali se deixou apanhar, levando socos do Foreman de todos os lados, escorando-se nas cordas e dando a impressão de que não teria como reagir. Mesmo se não conseguisse derrubar o adversário, Foreman certamente ganharia a luta por pontos.
Ninguém estava entendendo a tática suicida de Ali. Então, veio o oitavo round e um Ali incrivelmente inteiro, apesar de tanto apanhar, partiu para cima de um Foreman exausto de tanto bater, e o nocauteou. Depois da luta, Ali explicou sua estratégia. Foreman era mais moço e mais forte do que ele. O que mais ele poderia fazer?
Há uma lição, aí, em algum lugar, para a Dilma. Que, como se sabe, está nas cordas, levando pancada de todos os lados, até do PT. Falta-lhe uma estratégia para virar a luta, como a do Muhammad Ali. Ou talvez um Iniesta no seu time.
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