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Uma geléia geral a partir do cinema

Dois destinos (Perrin e Zurlini)

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Havia me esquecido de comentar com vocês. Jacques Perrin, que fez o irmão mais frágil de Marcello Mastroianni em 'Dois Destinos' (Cronaca Familiare), traz hoje na cara as marcas do envelhecimento. Ninguém escapa disso - a menos que a pessoa queira ficar se esticando ou botoxando, Deus me livre. Mas Jacques Perrin me parece mais velho do que é, e isso, de alguma forma, me comove. Há décadas que ele é produtor - entre outros clássicos, de 'Z', de Costa Gavras, e 'O Deserto dos Tártaros', de Valerio Zurlini, que justamente o dirigiu em 'Cronaca Familiare' e, antes, 'A Moça com a Valise'. Como produtor, Perrin acaba de estrear novo filme na França, 'Océans', Oceanos, com um viés ecológico, investigando a diversidade da vida no mar. 'Positif' aproveitou e fez uma longa entrevista com o ator e produtor, em sua edição de fevereiro. Perrin fala sobre muita coisa, mas fala, principalmente, de Zurlini. Ele lembra que o sucesso de crítica de 'La Ragazza con la Valiglia' o deixou se achando... Ele chegou ao set de 'Cronaca' convencido de que era o melhor ator do mundo. Mastroianni não conseguia encontrar o tom com ele. Perrin conta como Zurlini o fragilizou, duvidando de que ele pudesse fazer o papel, para deixá-lo na medida. Até aí, tudo bem. Grandes diretores possuem métodos muito particulares de trabalho com seus atores. Mas Perrin também conta que produziu 'O Deserto dos Tártaros' porque ninguém mais queria fazê-lo. Zurlini estava acabado. Teve um final difícil. As decepções amorosas o haviam lançado no alcoolismo, 'A Primeira Noite de Tranquilidade' é muito a história dele, no personagem interpretado por Alain Delon. Não sei se vocês conseguiriam acessar a entrevista pela internet, mas é tão legal. Valeria a pena.

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