Pachamama é um típico filme beneficiado pelas novas tecnologias. Hoje, o cineasta pode sair a campo munido de sua câmera digital, que funciona como uma caderneta de anotações audiovisuais. Pode-se filmar como os antigos viajantes tomavam notas por escrito ou fotografavam. Esse registro rápido, intenso, aberto aos acasos do caminho, dão um agradável frescor à obra. Por sorte, ou melhor, por sabedoria, esse caráter provisório, inacabado, não se perdeu na montagem, que às vezes sugere uma completude inexistente. E também não perdeu o viés político pois, ainda hoje, basta olhar a América Latina para enxergar as suas "veias abertas", segundo a expressão de Eduardo Galeano.