Lyon confirma tradição de abrigar estrelas

Trisha Brown e Pina Bausch estão na mostra francesa

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Por Redação
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Começa hoje a 14.ª Bienal de Dança de Lyon, França, a última dirigida somente pelo seu criador, Guy Darmet, que já nomeou sua sucessora, Dominique Hervieu, atual diretora do Teatro de Chaillot. A partir de 1.º de janeiro de 2012, Dominique assume os dois cargos que Guy Darmet ocupa hoje em Lyon: torna-se diretora da Maison de la Danse, o teatro que programa dança o ano inteiro na cidade, e da Bienal que projetou Lyon no circuito internacional da dança.A próxima Bienal, a 15.ª, será fruto de uma criação conjunta e finalizará a "passagem de bastão" que se iniciará no fim desta Bienal 2010. Ela se estende até 3 de outubro e conta com orçamento de 7 milhões, dos quais 30% provêm de patrocínios privados, e lhe permite convidar 600 bailarinos, 300 jornalistas e 300 programadores de todos os países.Guy Darmet veio ao Brasil em agosto e, em entrevista exclusiva ao Estado, contou haver tomado essa decisão por considerar este "um bom momento para transmitir o conhecimento que desenvolvi ao longo de 30 anos de Maison de la Danse e 27 de Bienal a alguém mais jovem, e com um perfil profissional que não fosse destruir o trabalho realizado com o público ao longo desse tempo".Anima-se ao apresentar os números desta Bienal: 40 companhias, 16 estreias mundiais e 28 estreias europeias para público estimado de 80/90 mil pessoas. Desse número não constam os 350/400mil que assistirão ao Defilé, a invenção da qual Guy diz mais se orgulhar, e que é um desfile como o que as escolas de samba realizam no carnaval brasileiro.Este ano, o tema é La Vie en Rose, e ele explica a razão da escolha: "Esta festa, que reúne coreógrafos, bailarinos e amadores em um encontro que celebra a diversidade e a criatividade, se volta para o sonho de uma sociedade mais feliz, mais solidária, e para as utopias que ainda precisam ser inventadas."A Bienal de Lyon, que vinha ocorrendo em torno de temas, desta vez se tornou "um passarinho livre". Guy explica: "Seu título é Encore porque encontrei nessa palavra a possibilidade de dizer em francês "mais", "outra vez", porque é preciso que aconteçam mais e mais bienais, e, em inglês, poder significar o bis que coroa um sucesso. Além disso, nela está também o "core", o coração com que construí tudo." Segundo Guy, agora é possível fazer uma Bienal sem tema, pois o público já está educado. "Hoje, a Maison de la Danse tem 15 mil assinantes e 180 mil espectadores por temporada, com 93% de ocupação, e se autofinancia pela bilheteria em 60%. Cobrando ingressos a 20, faz 3,5 milhões de bilheteria."A extensa programação pode ser conhecida no endereço www.biennaledeladanse.com e nela se destacam, dentre outras, as companhias de Maguy Marin, Trisha Brown, Pina Bausch, Alain Platel, e Bill T. Jones.Olhando o seu percurso, Guy Darmet considera que o mais importante que realizou foi ter colaborado para que cerca de 220 pessoas passassem a viver de dança. "Veja o caso do Balé de Rua, de Uberlândia, que vai fechar esta Bienal. Estava em Belo Horizonte e um rapaz me ligou dizendo que queria me apresentar a cia. dele, que tomaria um ônibus de Uberlândia para lá. Me encantei com o que vi e os convidei em 2002. Foi um grande sucesso e um produtor francês, que estava lá, passou a produzi-los no mundo inteiro. Eles acabam de se apresentar por duas semanas na Ópera de Sidney."Sonho. Depois que a 14.ª Bienal de Dança de Lyon acabar, ele vai passar a morar sete meses no Brasil e cinco em Lyon. "O prefeito construiu um bairro novo no local onde os rios Rhône e Sonne se encontram e lá vai existir um projeto cultural internacional, com espaço para um Teatro de Dança, projeto de residências artísticas e estúdios de ensaio. Será o primeiro Teatro de Dança construído na França e, por enquanto, ainda é um sonho." No Brasil, Darmet ficará entre Búzios e Rio de Janeiro, onde comprou casa e apartamento. "Pretendo continuar a abrir portas, e tenho uma agenda que pode fazer isso."

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