Dilma cai, desde a revelação dos escândalos da quebra e sigilo de dados da Receita e, especialmente, da Casa Civil, cuja sucessora e família são acusadas de praticar tráfico de influência, a metros do gabinete da Presidência da República.
O comportamento de Lula chocou.
Ao invés de defender a transparência, acusou a imprensa e a oposição de tumultuarem a campanha. Para, semanas depois, exigir um controle maior dos dados da Receita e demitir a sua ministra.
O antigo político equilibrado, de bem com a vida, com a popularidade em alta e no estilo paz e amor, saiu atacando, defendeu a extinção da oposição e o controle das informações, num ataque sem sentido às frágeis instituições democráticas.
A imprensa respondeu à altura. Enquadrou o presidente e declarou o seu voto em editoriais, fato raro de se ver no Brasil. Intelectuais soltaram 1 manifesto.
Até petistas convictos se assustaram com o comportamento de Lula e do partido. A gana pelo continuísmo fugiu do controle, extrapolou princípios republicanos e propôs um tudo ou nada de quem menos deveria vir, do guardião das instituições.
E a repercussão se deu nas pesquisas.
Serra subiu.
Marina mais ainda.
Dilma caiu em todas as regiões e especialmente em extratos sociais mais altos. Em dias.
O que antes parecia uma barbada, se tornou uma emocionante corrida cabeça a cabeça na reta final.
Muitos eleitores agora querem o segundo turno, mas não compreendem direito as regras do coeficiente eleitoral e acham que apenas votando em Serra ele ocorreria.
Não. Basta votarem em qualquer candidato. Apenas o branco e nulo colaboram para que não haja o segundo turno.
Vemos muitos votos de Dilma e Serra migrarem para Marina.
O que a atrai é a sensação de que, enfim, acabe no País a polarização PSDB X PT, pobreza maniqueísta que contaminou a política há décadas, como se só houvesse 2 jeitos de governar.
O bem e o mal sempre foram elementos fracos para se entender os conflitos humanos. Marina seria o talvez.
A desculpa da importância da alternância do Poder numa democracia foi o tema daqueles quem são contra a eleição de Dilma. Sim, é importante, mas e se fosse Maluf em Dilma, seria a alternância 1 motivo para se votar no político paulista com ficha extensa?
Não. A alternância de jeito de governar é que cola.
Marina e Dilma no segundo turno traria outra cor ao debate: duas mulheres, duas propostas de vida, a desenvolvimentista e a defensora da sustentabilidade. Duas ex-ministras. Uma delas, Marina, com anos em experiência no Senado.
Não sei se daria tempo para a virada.
Mas que seria eletrizante de ver, seria.