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Menalton Braff retrata drama familiar nos anos de chumbo

Narrativa encara sem atalhos quatro décadas da história recente do País

Por Vinicius Jatobá
Atualização:

Em algum momento, Menalton Braff (RS, 1938) , escritor de obra vasta, que abarca todos os gêneros narrativos, encontrará o público leitor que seus esmerados e cuidadosos livros merecem. O Casarão da Rua do Rosário tem todo potencial para ser o estopim dessa conquista: sofisticada, a narrativa, fluente e ambiciosa, encara sem atalhos quatro décadas da história recente do País.

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Uma família desajustada talha um mundo regrado que lhe serve de escudo diante do que ocorre no resto do mundo - para além dos portões da casa em que residem. As irmãs vivem engalfinhadas, suportam um irmão com problemas mentais e idolatram outro, funcionário público, cujas visitas ao casarão são os únicos momentos de quebra da morosidade em que elas vivem. Essa paz estagnada é implodida com a chegada de outra irmã, cujo marido, sindicalista, é preso e desaparece.

O Casarão cobre três terrenos. É um drama familiar, com todos os conflitos que o folhetim prevê. É um panorama histórico brilhante, no qual Menalton reencena o imaginário encalacrado de um período em que o reacionarismo era o porto mais seguro. E, por fim, é um enfrentamento poético dos conflitos da urbanização e sua fome predatória.

O livro dialoga com a obra-prima de Menalton, Na Teia do Sol, narrada por um foragido político. Lado a lado, os dois livros são um retrato completo dos anos de ditadura e atingem os polares lados antagônicos daquele momento envenenado: o reacionarismo violento e o frustrado e romântico desejo revolucionário.

VINICIUS JATOBÁ É CRÍTICO E FICCIONISTA

O CASARÃO DA RUA DO ROSÁRIOAutor: Menalton BraffEditora: Bertrand Brasil(350 págs., R$ 39)

 

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