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Moda praia consciente

Pesquisa recente divulgada pela Mckinsey revela que, durante a crise sanitária, 57% dos entrevistados fizeram mudanças significativas em seu estilo de vida para torná-lo mais sustentável

Por Alice Ferraz
Atualização:

A necessidade de buscar soluções mais sustentáveis e ecologicamente corretas para guiar nossas ações e decisões de compra está em pauta há anos, mas, a cada dia que passa, vemos essa conversa evoluir e alterar o comportamento da sociedade e os modelos de negócios das empresas. 

No ano passado, notícias de queimadas e desmatamentos desenfreados no Brasil e no mundo foram vistas como um grito de socorro da natureza e, isolados em nossas casas pela pandemia, passamos a valorizar mais a riqueza natural. 

Uma associação empírica da relação dos diversos setores da moda com a natureza coloca a moda praia como uma das áreas mais ligadas ao planeta Foto: Eduardo Euksusian, Rogério Cavalcanti, Bruno Bralfperr

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Pesquisa recente divulgada pela Mckinsey revela que, durante a crise sanitária, 57% dos entrevistados fizeram mudanças significativas em seu estilo de vida para torná-lo mais sustentável. Para os entrevistados, as três principais expectativas em relação às marcas de moda são que elas devem: “reduzir o impacto negativo no meio ambiente”, ter "cuidado com a saúde dos colaboradores" e "contribuir para ajudar os trabalhadores de fábricas na Ásia a serem melhor remunerados". 

Uma associação empírica da relação dos diversos setores da moda com a natureza coloca a moda praia como uma das áreas mais ligadas ao planeta. Roupas de banho são pensadas para momentos na água, fonte da vida e um dos nossos bens naturais mais preciosos, que sofre com a poluição e a degradação. 

Talvez seja por isso que nos últimos tempos temos visto uma crescente de marcas de beachwear que buscam ações ecologicamente corretas, entre elas a PIU. Prestes a completar três anos de mercado, a grife nasceu com objetivos sustentáveis claros e produz suas peças apenas com material 100% biodegradável – com a tecnologia Amni Soul Eco, de fibras sintéticas que se decompõe em menos de três anos após serem descartadas. 

Seus aviamentos são feitos com botões de madeira reflorestada e as embalagens, de algodão reciclado. “A marca faz parte da vontade de estar mais próxima das minhas raízes baianas e do desafio de fazer uma moda praia atemporal e sustentável. Hoje trabalhamos com três pilares: social, no qual ajudamos o Fogão na Rua [projeto que leva alimentos a pessoas em situação de rua na cidade de São Paulo], o ambiental, em que plantamos 125 árvores na Amazônia por meio da [ONG]Copaíba, e o estético, no qual busco trazer elegância e conforto em um produto atemporal de qualidade”, explica Priscilla Simões, idealizadora e diretora criativa da PIU. 

Também preocupada com o reflorestamento e com a matéria-prima de suas peças de moda praia, a Serpentina, da estilista Simone Nunes (que de 2009 a 2011 fez parte do line-up do SPFW com sua marca homônima), e de sua sócia Luciana Prado, compromete-se a destinar 5% do valor da venda de cada peça à produção de mudas no viveiro do Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). As árvores são usadas na recomposição da mata atlântica dos arredores do sistema Cantareira, que abastece de água potável parte da Grande São Paulo. 

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O viés ecológico da marca também se traduz nas decisões estéticas, que têm a fauna e a flora brasileiras como inspiração principal para os biquínis e maiôs feitos em Econyl, um tipo especial de nylon regenerado, que é criado a partir de resíduos recuperados dos oceanos e de locais de descarte. “As estampas, a cartela de cor, a modelagem, a tecnologia têxtil, tudo é 100% dependente da natureza. 

Diferentemente de outras marcas que já tive, ela é viva, tem um caminho próprio e ligado à natureza”, afirma Simone. Os itens da Serpentina, hoje, atingem todo o Brasil por meio das vendas online além de serem exportados para mais de 10 países, como Estados Unidos, Bélgica, Japão, França e Coreia. 

A busca de clientes por práticas sustentáveis é uma realidade no mercado e também tem sido almejada por empreendedores como Caroline Kuchkarian, à frente de sua marca homônima de beachwear que recentemente passou a contar com uma linha sustentável em sua oferta de produtos. “Lancei a coleção com malha eco-friendly nesta estação e percebi um grande interesse das minhas clientes pelo tema, com muitas consultas e elogios pela iniciativa de trazer para a marca um produto que contribui para a preservação do planeta”. 

O tecido escolhido é feito com fibras recicladas de garrafas PET e, de acordo com a diretora criativa da empresa, possui as mesmas características e toque do material utilizado de forma habitual. “A nossa preocupação com o meio ambiente nos levou à pesquisa de materiais que podem agregar esse diferencial ao projeto e à marca”, diz Caroline. 

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