Morre aos 77 poeta russo do degelo pós-Stalin Andrei Voznesensky

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Por Redação
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O poeta russo Andrei Voznesensky, que ganhou destaque durante o degelo que se seguiu à morte do ditador Josef Stalin e que nunca se curvou ao Kremlin, morreu em Moscou na terça-feira aos 77 anos. O primeiro-ministro Vladimir Putin, em telegrama enviado na terça à viúva de Voznesensky, disse que o poeta amado "tornou-se verdadeiramente uma pessoa de influência dominante". "Sua poesia e sua prosa se tornaram um hino à liberdade, ao amor, à nobreza e aos sentimentos sinceros", disse Putin. Arquiteto por formação e apaixonado pela pintura, Voznesensky acabou optando por tornar-se poeta, e suas obras, que começaram a ser publicadas em 1958, em pouco tempo o tornaram famoso na União Soviética. "Seu ingresso na literatura foi rápido e turbulento. Fico feliz por ter vivido para assistir a isso", escreveu a Voznesensky quando este tinha 14 anos o poeta e romancista russo Boris Pasternak, futuro ganhador do Prêmio Nobel de Literatura que foi oprimido em seu país. O poeta ainda adolescente lhe tinha enviado alguns de seus versos para ter a opinião de Pasternak. Voznesensky viveu como recluso nos últimos anos, e seus amigos disseram que ele estava sofrendo de uma doença não identificada. Como muitos outros jovens escritores, poetas e pintores da chamada "geração dos anos 1960", Voznesensky desfrutou de alguma liberdade em meio ao degelo político que se seguiu às três décadas de governo brutal de Stalin. O público e a crítica especializada o tratavam como clássico vivo, que fazia experimentos destemidos com metáforas excêntricas, sistemas rítmicos complexos e efeitos de áudio. Algumas de suas obras foram convertidas em produções teatrais, como é o caso de "Juno e Avos", que virou ópera e tornou-se sucesso perene no teatro Lenkom, em Moscou. Outras foram encenadas na Rússia e no exterior. (Por Dmitry Solovyov)

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