A geometria sagrada de Rubem Valentim está na cidade. Entre as 60 obras, há esculturas, pinturas e objetos, realizados da década de 50 até 1991, quando morreu de câncer aos 69 anos. "Ele só me fez um pedido: que nunca montasse uma retrospectiva", diz o curador Bené Fonteles, explicando que o artista nunca quis ser lembrado como um projeto acabado. A mostra será aberta às 10 horas desta quinta-feira, dentro das Comemorações do Aniversário de São Paulo, promovida pela Pinacoteca do Estado. Com a exposição renasce a discussão da falta da associação ou fundação Valentim. Familiares e admiradores lutam para transformar a antiga residência do artista em Brasília em um centro cultural. Para isso, aguardam o sinal verde do Ministério da Cultura, que por enquanto permanece no amarelo. Ao reunir boa parte da simbologia de vários ritos como o do candomblé, do budismo e do I Ching, Rubem Valentim trouxe, discutiu, divulgou, ousou, brincou e diluiu toda essa gama de formas, hoje um pouco mais familiar, no Brasil e no exterior. Alguns críticos denominam seu trabalho como a arte construtiva brasileira. Precursor, ele não escapou das criticas da época. Mas conquistou o crítico italiano Giulio Carlo Argan durante sua rápida passagem por Roma. E também Bené Fonteles, que lança na exposição O Artista da Luz um livro com as principais obras e publicações da pintura do artista, e muitos outros. "A ciência descobriu, com a geometria fractal, que Deus é o grande geometra. A arte revela com a vinda de Valentim o mais sensível artífice dessa geometria sagrada", afirma Fonteles. Na exposição, com ou sem o auxílio da monitoria, o primeiro passo é apreciar duas telas chamadas de Alfabeto Kitônico (1987). Com os olhos preparados, as formas merecem atenção. "No quadro Pintura (1950), Valentim traz variações do triângulo. Um deles hoje é o sinal que em qualquer aparelho de som significa play", explica Fonteles. Atenção especial também para Composição Bahia e Emblema Logotipo nº 10 poética da Cultura Afro-Brasileira. Os três totens também são destaques. E com a doação dos familiares o visitante terá possibilidades de ver e revê-los. Já as outros peças, se o sinal do Ministério da Cultura continuar amarelo, somente enquanto durar a itinerância pelas principais capitais como Rio, Salvador, Brasília. Uma pena. Pinacoteca do Estado - Praça da Luz, nº 02. Fone: 222-9844.De 3ª a domingo - aberta das 10h às 18h. Grátis às quintas-feiras. Há monitoria. O livroO Artista da Luz( 208 páginas), de Bené Fonteles, estará sendo vendido na loja da Pinacoteca por R$35.
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