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Mostra revê arte de Arpad Szenes e Vieira da Silva

Pinacoteca expõe 98 obras do casal de pintores que viveu no Brasil entre 1940 e 47, divididas em seis módulos

Por Agencia Estado
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O momento não poderia ser mais oportuno para relembrar o trabalho de Arpad Szenes e Maria Helena Vieira da Silva. O casal de pintores - ela portuguesa, ele judeu húngaro - morou no Rio de Janeiro entre 1940 e 1947 e deu contribuição à arte luso-brasileira, que agora recebe oportuna menção em decorrência das comemorações dos 500 anos do Descobrimento. Seria mesmo uma lástima se o casal que retratou os costumes, o morro de Santa Teresa, a história e as paisagens cariocas, muitas que nem existem mais, ficasse sem uma homenagem. Pensando nisso, a Fundação que leva o nome do casal reuniu 98 obras na Pinacoteca do Estado, depois de expor na Fundação Gulbenkian, em Portugal, no começo do ano. A exposição Arpad Szenes - Vieira da Silva, Período Brasileiro abre nesta quarta-feira para o publico. É dividida em seis módulos, ilustrando as angústias e experiências vividas nestes sete anos: Guerra - destaque para os quadros Le champ des morts (1940) e Soldat tombé (1942), ambos de Vieira da Silva -, Ambientes, KM 44, Retratos, Memórias e Maria Helena e Arpad. Apesar de terem produzido um farto material durante a estadia no Bairro de Santa Teresa, não tiveram êxito na cidade carioca. Venderam poucos quadros e a maior parte dos críticos da época reagiu mal ao trabalho, apoiado numa linguagem figurativa e simbólica. Além disso Maria Helena estranhava o clima tropical e sentia muita saudade dos amigos que não tiveram a mesma sorte de escapar da 2ª Guerra Mundial. O talento do casal, no entanto, conquistou Murilo Meireles e Carlos Scliar e Cecília Meireles. Ao regressar a Paris, Vieira da Silva comentou com Normand Biron, conforme anota o curador da mostra, José Sommer Ribeiro, na apresentação do catálogo: "Fizemos no Brasil, amizades inesquecíveis. E daqui foi que conheci o prolongamento de Portugal, o que foi muito sedutor. Acho o Brasil um país vivo e apaixonante(...) O que mais me marcou no Brasil foi o encontro de pessoas de grande qualidade. Aprendi imenso sobre literatura, música, até mesmo sobre a Europa." Ribeiro e a curadora-adjunta da mostra, Ivonne Felman Cunha Rêgo, estão à frente da Fundação Arpad Szenes - Vieira da Silva desde sua fundação há seis anos, quando a viúva Maria Helena e amigos resolveram organizar um acervo que hoje conta com mais de 1.5 obras, em uma casa em Lisboa. Maria Helena, que morreu em 1992, sete anos depois do marido, só pediu que o nome de Szenes viesse primeiro. Arpad Szenes - Vieira da Silva, Período Brasileiro - De terça a domingo, das 10 às 18 horas. R$ 5,00 (5.ª, grátis). Pinacoteca do Estado. Praça da Luz, 2, tel. 229-9844. Até 31/12. Do dia 8 até 31 de dezembro.

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