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Fourplay toca jazz para ser entendido por todos

Por Agencia Estado
Atualização:

Quando o jazz fusion apareceu nos anos 70, liderado pelo trompetista Miles Davis, os puristas do jazz torceram o nariz. Mal sabiam eles que o jazz iria ficar ainda mais popular e acessível. É o que hoje chamam de smooth jazz, algo como jazz suave. Outra denominação é o contemporary jazz, isto é, jazz contemporâneo. Para os brasileiros, o smooth jazz nada mais é que ?aquela música que toca em sala de espera de dentista?. Entre os vários nomes deste cenário, um é unanimidade entre os ouvintes deste ?novo? jeito de tocar jazz, o quarteto norte-americano Fourplay, composto pelos cinqüentões Bob James (piano), Larry Carlton (guitarra), Nathan East (baixo) e Harvey Mason (bateria), que acaba de lançar o seu oitavo disco, Hearfelt. Os quatro integrantes são o que os americanos chamam de músicos de estúdio. Eles já tocaram em dezenas de discos com interpretes de peso como Eric Clapton, Michael Jackson, Sarah Vaughan e George Benson. Depois de lançarem três discos, Fourplay (91), Between The Sheets (93) e Elixir (94), o guitarrista Lee Ritenour, um dos criadores do grupo, resolveu deixar a banda e continuar sua sólida carreira solo. No lugar dele entrou o experiente Larry Carlton, que conseguiu se encaixar perfeitamente ao espirito do grupo. O primeiro lançamento com Carlton, 4 (98), é considerado um dos melhores trabalhos do grupo. O mesmo acontece com o novo CD. Depois de dois discos fracos, o Fourplay volta a mostrar a mesma energia que mostrou no primeiro disco, o melhor lançado até hoje. Pela primeira vez, o grupo resolveu compor todos juntos no estúdio. Em todos os outros trabalhos, eles chegavam ao estúdio com suas partes prontas, o que castrava um pouco a espontaneidade e o improviso, peças importantes para um disco instrumental. A diferença pode ser notada em faixas como That?s The Time, e Break, nas quais a integração dos instrumentos prova o significado real de ser músico. Com mais de 30 anos de carreira, esses quatro instrumentistas pensam da mesma maneira e conseguem passar está unificação de idéias para suas composições. O disco traz várias facetas de seus interpretes. É o caso de Ju Ju, uma mistura de blues e funk com toda a técnica de Carlton na guitarra e o baixo marcado de East, e Karma, com destaque para a bateria de Mason. Nos momentos mais tranqüilos, a hora da tortura para os puristas, o grupo consegue criar um clima romântico sem ser melado. Escute Making Up, Hearfelt e Going Back, essa, com violão e o orgão de James imitando a sonoridade do velho Hammond. A única ?gafe? do CD é exatamente a única faixa cantada, Let?s Make Love. O baixista Nathan East até canta bem, mas uma música composta pelo cantor, produtor e multi instrumentista Babyface não é o ideal para este tipo de disco. O CD, o primeiro pela gravadora BMG, deve ser lançado no Brasil no mês que vem. Mas há no País uma coletânea da gravadora Warner com músicas dos primeiros discos do grupo. Para o purista, o melhor que tem a fazer é não se preocupar, pegar uma boa garrafa de vinho, chamar alguém interessante e colocar Fourplay de fundo. Talvez ele mude de idéia.

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