Itaú Cultural abre Semana da Música Colonial

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Por Agencia Estado
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Encontros, concertos e um ateliê examinam de hoje a domingo a situação da música colonial brasileira em fins de milênio. Trata-se da Semana da Música Colonial Brasileira, que integra o programa Rumos Musicas - Perspectivas, do Itaú Cultural. Os encontros têm curadoria do historiador e musicólogo Paulo Castagna, da Unesp. Ele avisa da grande diversidade das obras hoje abrigadas sob o rótulo de música colonial, que, acima de estilos ou movimentos estéticos, engloba num mesmo saco toda a produção entre 1500 e 1822, ano da independência do Brasil Colônia. "Não há nada que unifique toda esta produção, que por sinal inclui a também música indígena e africana", explica. Não será este o enfoque da Semana. "Estaremos falando principalmente da música religiosa feita no Brasil do século 18 e início do 19." Embora elaborada por brasileiros, é uma produção de características francamente européias, com formações que incluíam violino, violoncelo, trompa, órgão e coro, interpretando via de regra letras em latim. Feita para acompanhar a liturgia católica, desenvolveu-se associada a irmandades leigas de apoio às atividades religiosas, como a do Santíssimo Sacramento, que atuava em muitas das grandes cidades do país. Seus autores são pouco conhecidos do grande público. Gente como os mestres mulatos Joaquim Emerico Lobo de Mesquita e José Maurício Nunes Garcia. Muitas de suas obras restam esquecidas em acervos pessoais. O acesso e a preservação às peças da música colonial brasileira serão tema do encontro desta terça-feira, que terá como moderador Lorenzo Mammi. Museu sonoro ambulante - Não bastasse a dificuldade de acesso, os grupos que lidam com a música sacra deste período debatem-se também pela complicada interpretação das peças. Há 14 anos, o maestro Marcelo Antunes, diretor musical do Madrigal Cantátimo, que se apresenta no sábado, começou a trabalhar com a música barroca européia. Em 1992, convidado a encerrar uma reunião da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), começou a se debruçar sobre a produção musical do País. Não foi e nem é fácil. Os próprios instrumentos variaram ao longo do tempo. O Cantátimo conta hoje com réplicas dos instrumentos de época, e também a formação do grupo varia conforme a peça a ser executada. Tudo para se aproximar aos conjuntos de então. "Não se trata de purismo", argumenta, "mas de uma vontade de reproduzir a sonoridade pretendida." A interpretação de obras será tema do encontro de quinta-feira, que terá por moderador o maestro Júlio Moretzsohn, diretor do Calíope, que também se apresenta no sábado. A transcrição, edição e difusão da música luso-americana são os temas do outro encontro, nesta quarta-feira, e encerram a derradeira dificuldade dos grupos musicais que interpretam esta produção. Não há muitos espaços para apresentações deste tipo, embora a efeméride dos 500 anos, ainda que timidamente, tenha reanimado instituições a promovê-la. Este "museu ambulante e sonoro", na definição de Antunes, continua com um campo de atuação "bem restrito." Além dos encontros, haverá uma ateliê de aperfeiçoamento em técnicas vocais destinado a cantores e grupos vocais, com curadoria da cantora Rosana Lanzelotte. Para o público em geral, a Semana reserva concertos na sexta, com o Coro de Câmera Pró-Arte do Rio de Janeiro e Grupo Armonico Tributo, no sábado, Grupo Calíope e Grupo Cantatimo, e domingo, com o Vox Brasiliensis, encerrando a Semana com concerto na Igreja Ordem Terceira de São Francisco, no centro da cidade. Ainda no domingo, serão lançados o CDs Música Sacra do Brasil, com o Coro e Orquestra Vox Brasiliensis, e Missa Pastoril para noite de Natal, com o Grupo Turicum. Semana da Música Colonial Brasileira - Itaú Cultural - Avenida Paulista, 149, tel.: 238-1816. Até domingo.

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