Kit Madonna, cangas e até CDs: Orla de Copacabana vira loja não oficial da cantora; veja preços

Rio deve receber 150 mil turistas neste fim de semana para o show da Madonna na praia, que deve movimentar R$ 300 milhões, estima governo; veja preço de comida, bebida e souvenires

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Por Fabio Grellet
Atualização:

RIO - “Quero minha parte nesses R$ 300 milhões que a prefeitura diz que a Madonna vai movimentar no Rio”, cobra o vendedor ambulante Moacir Santos, de 47 anos, num raro intervalo entre os gritos para anunciar seu “kit Madonna”, composto por boné, camiseta e leque da rainha do pop, tudo a “apenas” R$ 120, em Copacabana, na zona sul do Rio, na tarde desta sexta-feira, 3.

Na véspera do aguardado show da cantora, que deve levar cerca de 1,5 milhão de pessoas à praia neste sábado, 4, as calçadas da rua Rodolfo Dantas, que liga a estação de metrô Cardeal Arcoverde ao ponto da praia onde está instalado o palco que vai receber Madonna a partir das 21h45, passaram o dia e boa parte da noite lotadas de vendedores.

Na calçada ou na areia, vendedores oferecem mercadorias variadas com o rosto de Madonna Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Além de camisetas, bonés e leques (se comprados separados, a R$ 80, R$ 25 e R$ 30, respectivamente), estão à venda toalhas (R$ 50) e cangas (R$ 80) com fotos de Madonna, buzinas e até CDs (você se lembra deles, caro leitor?) da cantora (R$ 20). “Só hoje já faturei mais do que em abril inteiro”, comemora Santos, o vendedor do kit. “No Carnaval dá pra gente lucrar, mas agora está sendo melhor, o pessoal está mais disposto a gastar”, compara.

O movimento em Copacabana, comparável ao do Réveillon, indica uma movimentação econômica intensa e dá argumentos ao prefeito Eduardo Paes (PSD), que investiu R$ 10 milhões dos cofres públicos no evento. Não faltaram críticas a esse investimento – nas redes sociais, muita gente disse que é um absurdo a prefeitura gastar com o show enquanto poderia investir em hospitais, escolas ou na segurança pública.

Camisetas, quadros, cangas e CDs são vendidos na orla de Copacabana na véspera do show de Madonna Foto: Pedro Kirilos/Estadão

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O prefeito se justifica citando a lotação dos hotéis, recorde para essa época do ano, e o movimento nos aeroportos e na rodoviária – que registra aumento de 30% no movimento neste final de semana. São esperados cerca de 150 mil turistas na cidade.

Ex-adversários em disputas políticas locais, Paes e Marcelo Freixo, presidente da Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo (Embratur), se uniram no mesmo discurso: “O show da Madonna coloca o Rio e o Brasil para o mundo inteiro, vai ser assunto no mundo inteiro. São mais ou menos R$ 300 milhões injetados na economia carioca. A cadeia produtiva do turismo é muito democrática: vai do dono do hotel, do dono do restaurante ao motorista do táxi, do Uber, ao vendedor do mate, todo mundo ganha. O turismo hoje é 8% do PIB brasileiro, é geração de emprego e renda”, afirmou, em vídeo nas redes sociais.

Restaurantes de Copacabana

Citados por Freixo, os restaurantes de Copacabana aproveitam o movimento, mas, pela pesquisa da reportagem, desta vez não reajustaram os preços, como invariavelmente acontece dias antes de cada Réveillon. Nos estabelecimentos self-service nas ruas próximas ao local do show, o quilo da comida varia de R$ 59,99 a R$ 100, dependendo da sofisticação. “Até quinta-feira, 2, o movimento no restaurante não tinha mudado. Nesta sexta, já teve bem mais gente, o bairro está lotado”, conta Almir Pereira, dono de um bar na avenida Nossa Senhora de Copacabana, a cerca de 400 metros do palco, que serve comida a R$ 59,99 o quilo.

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Entre os mais sofisticados, a Churrascaria Palace, a poucos metros do palco, oferece rodízio por R$ 225. Também nas imediações, são famosos o Cervantes, com sanduíche de pernil com abacaxi a R$ 33, o Galeto Sat’s com porções de coração de frango a R$ 52, e a Tasca Carvalho, onde a sardinha à escabeche custa R$ 35.

Cerveja a R$ 10 e quiosque-camarote a partir de R$ 1.000

Na orla, a latinha de cerveja mais barata oferecida à reportagem pelos ambulantes – Brahma ou Antarctica - custava R$ 10. Uma latinha de Xeque Mate, bebida à base de rum que fez sucesso no carnaval, sai por R$ 25 (no carnaval era R$ 20). A água custa a partir de R$ 5. E 500 ml de mate, R$ 10. Nada diferente dos preços praticados no dia a dia - e os valores não aumentaram na manhã deste sábado. Pelo menos não por ora.

“Estou vendendo bem, esse calor ajudou”, comentou Márcio Seixas, de 27 anos, que mora em Brás de Pina, na zona norte, e foi até Copacabana para tentar garantir renda extra. “Trabalho como vigia, mas aproveito as horas vagas para ganhar um trocado a mais”, afirmou.

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Como acontece no Réveillon, durante o show deste sábado os quiosques vão virar “camarotes”, com comida e bebida liberados, a preços nada módicos: nos quatro mais próximos do palco, o menor valor cobrado pelo ingresso era R$ 1.000 – e esgotou.

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