Lincoln Olivetti, maestro, compositor e produtor musical, morre aos 60 anos

Ele trabalhou com importantes nomes da música brasileira

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Por Redação
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O maestro, compositor, arranjador e produtor musical Lincoln Olivetti morreu na tarde desta terça-feira, 13, aos 60 anos. Pioneiro no uso de sintetizadores no Brasil, a causa foi da morte foi um infarto.

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A professora de balé Rosane Castro Neves, ex-mulher do músico Lincoln Olivetti, disse que ele era cardíaco e que não se cuidava. "Os amigos é que cuidavam dele, levavam ao médico, ao dentista. Ele era cardíaco desde 1995", contou Rosane, que foi casada com Olivetti entre 1997 e 2007. "Ele estava em casa, trabalhando, fazendo arranjos com dois amigos, quando passou mal. Os amigos então ficaram com ele. Lincoln deitou na cama e teve o infarto. Pelo menos não sofreu". O músico deixou cinco filhos adultos, sendo que dois seguiram seus passos e estão no meio musical: a DJ Mary Olivetti e o cantor MC Olivetti. O enterro será na quinta-feira, 15, às 16 horas, no Cemitério São João Batista, no Rio. Olivetti estava em sua casa, no Joá, quando infartou, deitado na cama. Não houve tempo para socorro.

No perfil de Olivetti no Facebook, amigos deixaram mensagens. Apelidado de 'feiticeiro dos estúdios' e 'mago do pop', ele trabalhou com importantes nomes da música brasileira, incluindo Martinho da Vila, Gal Costa, Gilberto Gil, Tim Maia, Jorge Benjor, Rita Lee, Roberto Carlos, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Fagner, Wando, Joanna, Emílio Santiago, Zeca Pagodinho e Alcione.

Lincoln Olivetti nasceu em Nilópolis, no Rio de Janeiro, e começou a estudar piano aos três anos de idade. Aos nove, já se apresentava em bailes do subúrbio com sua banda. Ele também participou como compositor ou intérprete de trilhas sonoras de novelas de sucesso, como Dancin' days (1978) e Baila comigo (1981).

Vários artistas da música nacional lamentaram a morte de Lincoln Olivetti. A cantora Maria Rita disse que a música perdeu um de seus maiores gênios. "Que o mestre Lincoln Olivetti descanse em paz, depois de tanto que ele nos deu. gênio, gênio, gênio…", escreveu a cantora em seu Twitter.

Um dos amigos mais próximos do músico, o compositor Michael Sullivan ficou surpreso ao receber a notícia. “Foi repentino. Falei com ele há um mês, porque iríamos fazer dois arranjos juntos, e ele estava bem, com a voz normal. Nem sabia que era cardíaco. Escondia as coisas, fazíamos de tudo para levá-lo ao médico, e nada. Eu marcava e ele não ia. Comia tudo o que tinha direito, era difícil, como era o Tim (Maia)”, disse Sullivan, devastado.

Sullivan era próximo de Olivetti desde 1977, quando os dois passaram a produzir discos juntos. “Mais de 90%” dos seus clássicos, lembra-se, foram em parceria com o amigo. “Minha música está pela metade. Era como se a gente fosse um só. Passávamos dias e noites trancados sozinhos, tínhamos discussões musicais de alto nível. Eu era a melodia e ele, a harmonia. Para mim, é um dos dias mais tristes da minha vida, é como perder um irmão. Desarmonizou minha arte, muito mesmo”.

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O rapper Emicida também falou sobre a importância de Olivetti. "Perdemos nessa noite um gênio da música brasileira. Grande mestre Lincon Olivetti. Coração triste. Que a terra lhe seja leve, professor. Obrigado por ter compartilhado essa bênção que foi seu talento conosco nos discos e nesses palcos da vida. Um dia nos encontraremos de novo. #ubuntu". O compositor Ed Motta, seu fã, escreveu um longo texto em que afirma que ele "merece uma homenagem gigante, ser nome de algo que represente acuracidade, competência e futuro". "O cara que formatou a música brasileira no padrão de disciplina gringo, na forma de compor, arranjar, tecnicamente em qualquer sentido. Estou muito triste, mas uma força artística como a dele já é parte do todo, é mais do que uma figura de santo, é gigante, é o todo, do copo d'água até o oceano." / ROBERTA PENNAFORT (Atualizado às 16h52)

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