MIS do Rio homenageia Cartola

O Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio, promove exposição, ciclo de palestras e monta numa réplica do Zicartola, lendário restaurante que ele teve com a mulher, Zica, no início dos anos 60

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Por Agencia Estado
Atualização:

"Cartola não existiu, foi um sonho que a gente teve." A frase de Nelson Sargento, amigo e companheiro de escola de samba do fundador da Estação Primeira de Mangueira está cada vez mais atual. No dia 30, faz 20 anos que Cartola morreu, no Rio, aos 72 anos. A data é lembrada no Museu da Imagem e do Som (MIS) do Rio, que promove exposição, ciclo de palestras e teve seu pátio transformado numa réplica do Zicartola, lendário restaurante que ele teve com a mulher, Zica, no início dos anos 60. A homenagem não é mera coincidência. A diretora do MIS, Marília Barboza da Silva, foi amiga dele, é sua principal biógrafa e o considera o maior nome de nossa música popular. "Compositores como ele, Paulo da Portela e outros foram o ponto de fusão cultural da cidade; Sua agenda de shows era lotada e, 20 anos após sua morte, suas músicas têm constantes regravações. Cartola mais que todos porque conseguiu ser sofisticado e popular", afirma Marília. "Começou como sambista de morro e, no fim da vida, sua música mereceu arranjos elaborados de Radamés Gnatalli." A mostra Cartola - Quem te Viu Sorrindo tem peças dos arquivos da família do compositor (guardados pela neta Nilcemar), de Marília e do MIS. A intenção é mostrar quem foi o homem que criou a mais antiga escola de samba em atuação (a Mangueira, de 1928), conviveu com marginais e com a alta burguesia (era amigo de Villa-Lobos e Noel Rosa) e deu feição à música popular melódica e literariamente. Há um módulo com objetos pessoais de Cartola, documentos violão e manuscritos de suas músicas. Seu casamento com Zica mereceu um módulo, com bilhetes, fotos do casal e manuscritos das músicas dedicadas a ela. Para Cartola, o sucesso só veio depois dos 50. Tinha mais de 60 quando lançou seu primeiro disco mas fez outros cinco até morrer. Em qualquer roda de samba, seus clássicos como As Rosas não Falam não faltam. E o interesse acadêmico por sua obra só cresce.

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