Ozzy Osbourne faz show emblemático e assegura posto de príncipe do rock

Festival 'Monsters of Rock' também teve cancelamento do show do Motorhead

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Por João Paulo Carvalho
Atualização:

Ozzy Osbourne é o cara mais sarcástico do rock. O show mal tinha começado quando ele resolveu 'disparar' algumas risadinhas antes mesmo das luzes se apagarem completamente na Arena Anhembi na noite de ontem. O príncipe das trevas abriu a apresentação com uma sequência arrebatadora: Bark at the Moon e Mr. Crowley. "Eu quero ouvi-los mais alto. Será que podem gritar, senhores?", brincou. 

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Apesar do frio, Ozzy não poupou o público. Sacou um jato de espuma e disparou na plateia. Todo de preto, o vocalista do Black Sabbath não parou um minuto. Foi de um lado para o outro, pediu palmas e até ensaiou algumas palavras em português. Ozzy é do tipo que encanta pela postura desajeitada. No fundo, ele sabe que não assusta ninguém. Classicos do Black Sabbath também estiveram presentes: War Pigs, Paranoid e Iron Man.

O momento mais marcante da apresentação aconteceu em War Pigs, quando o público cantou em coro um dos maiores hits do grupo. "Isso é ótimo. Quanto mais vocês gritam, mais eu gosto", afirmou. Ozzy ainda teve tempo de voltar para o bis com Crazy Train e Paranoid.

Antes de Ozzy se apresentar, o público parecia desconfiado com o cancelamento do show do Motorhead e os fãs não pareceram se empolgar muito com a apresentação do Judas Priest. Rob Halford e sua moto envenenada subiram ao palco por volta das 20h10. Na estrada com a turnê do disco Redeemer of Souls (2014), álbum que soa como uma volta às origens da banda, os britânicos tocaram faixas como March of the Damned e Cold Blooded, além do hit Breaking the Law. Os agudos intermináveis de Halford ainda impressionam, apesar da idade.

Com um show mais longo devido à baixa do Motorhead, a apresentação da banda foi marcada pela regularidade. As musicas mais recentes do Judas Priest foram bem recebidas pelo público. Em mais de 30 anos de carreira, Redeemer of Souls foi o primeiro álbum da história da banda a entrar no top 10 da Bilboard. "Nós viemos aqui para cantar para vocês, Brasil. Então vamos agitar", disse Halford.

Ozzy Osbourne joga espuma no público durante sua apresentação no 'Monsters of Rock' Foto: JF DIORIO/ESTADÃO

Mais cedo, o Motorhead cancelou a apresentação que faria na noite de ontem no festival Monsters of Rock na Arena Anhembi. Segundo a organização do evento, o baixista e vocalista da banda, Lemmy Kilmister, sofreu uma desidratação na noite de sexta-feira, 24. De acordo com o comunicado, o músico já foi submetido a exames e está medicado. Muitos fãs que vieram ao festival para ver Lemmy e companhia ficaram desapontados com a ausência do rock star. "Não acredito. Só pode ser palhaçada. Vim até aqui apenas para ver o Motorhead", esbravejou o estudante Marcelo de Jesus Lopes, 18. Alguns mais exautados chegaram a vaiar a organização do festival enquanto o anúncio era feito. O Sepultura, ao lado dos outros dois integrantes do Motorhead, Phill Campbell (guitarra) e Mikkey Dee (bateria), subiram ao palco para fazer uma jam e acalmar os ímpetos do público, mas a estratégia parece não ter funcionado muito bem. A banda tocou alguns clássicos, incluindo a frenética Ace of Spades, hit do Motorhead.

Mais cedo. O De La Tierra, banda de Andreas Kisser, guitarrista do Sepultura, abriu o Monsters of Rock 2015 com um show eletrizante. A apresentação contou com músicas do primeiro disco da banda, Maldita História. O público vibrou ao ouvir o potente solo de Andreas em Somos Uno. Alem de Andreas Kisser, Andrés Giménes, ex-vocalista do A.N.I.M.A.L; Sr. Flavio, do Los Fabulosos Cadillacs, e Alex González, baterista do Maná, também integram o conjunto. O ponto alto da performance ocorreu quando o quarteto tocou a clássica ‘Polícia’, dos Titãs. A versão pesada, que tem a cara do Sepultura, levantou o público na Arena Anhembi.

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Na sequência, os alemães do Primal Fear começaram apresentação tocando Final Embrance. O vocalista Ralf Scheepers abusou da simpatia e dos falsetes durante o show. O baterista Aquiles Priester, sul-africano radicado no Brasil, que já tocou com as bandas Hangar e Angra, deu um tom verde e amarelo para a banda.

Atração menor do Monsters of Rock, o Coal Chamber dividiu a opinião do público no Anhembi. O som cru do quarteto era pouco conhecido da plateia, mas agradou com sua guitarra pesada. A baixista Nadja Peulen, única mulher a tocar no festival deste ano, atraiu a atenção com seus cabelos vermelhos e um macacão preto colado ego corpo. Peulen também agradou por sua presença de palco, dando chutes no ar e balançando a cabeleira.

Antes de tocar 'The roofs on fire', última música do show, o vocalista Dez Fafara, se declarou fã de Lemmy e de Motörhead. "Ozzy é o Rei do Mundo", concluiu.

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Expectativa. O sábado começou ensolarado na capital paulista e os portões da Arena Anhembi abriram pontualmente às 10h. Por volta das 9h30, a fila já era gigantesca. Com um line up recheado de veteranos do rock, muitos fãs vieram de outros Estados para assistir às apresentações. Morgana Gebien, 32, de Blumenau, Santa Catarina, viajou mais de 10 horas com as amigas para ver o show de Ozzy Osbourne no Monsters of Rock. "Amo o príncipe das trevas (Ozzy), mas também quero ver o Kiss, que toca amanhã. São grandes nomes, verdadeiros classicos. Vale muito a pena", afirma. A designer de moda Suely Alves, 25, de Vitória, no Espírito Santo, caprichou na produção. "Passei 3 dias na frente do espelho para finalizar meu look. Amo o Ozzy, vai valer a pena", brinca a jovem. Também não foi difícil encontrar país e filhos juntos em prol do rock 'n' roll. Irai Sanches, 52, e o filho Cesar Sanches, 13, são fãs de Ozzy Osbourne há muitos anos. "A paixão pelo rock clássico acabou influenciando o gosto musical do meu filho", afirma o administrador de empresas.

Amanhã, domingo, é a vez do Kiss subir ao palco da Arena Anhembi, as 22h30. Além do quarteto norte-americano liderado por Paul Stanley e Gene Simmons, também se apresentam as bandas Manowar e Judas Priest. Segundo a organização do evento, ainda há ingressos. Os preços vão de R$ 200 (meia-entrada) a R$ 400 (inteira). /COLABORARAM GUILHERME SOBOTA E MÁRCIA PEZENTI

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