SP recebe o Manhattan Transfer

O quarteto vocal nova-iorquino chega a São Paulo para três apresentações e promete misturar o jazz que lhes fez famosos às suas influências brasileiras, entre as quais Carmem Miranda e Os Cariocas

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Um dos mais conhecidos e tradicionais conjuntos vocais americanos apresenta-se no Brasil, de segunda a quarta-feira. Trata-se do quarteto Manhattan Transfer, criado em Nova York em 1969 pelo cantor Tim Hauser. O grupo, nessa fase inicial, gravou um disco, Jukin´ (1971), mas separou-se logo depois. Passado um ano, Hauser o reformulou com as cantoras Laurel Masse e Janis Siegel e o vocalista Alan Paul. Hauser considera a data inicial do conjunto o ano de 1972, daí a celebração dos 30 anos de carreira. E eles estão comemorando em grande estilo, com o disco The Spirit of St. Louis (Warner/Atlantic), em homenagem à Louis Armstrong e seu repertório. Na turnê paulistana, o Manhattan Transfer cantará canções desse disco, como The Blues Are Brewin, Old Man Mose e Gone Fishin´, além de músicas de Djavan, Gilberto Gil e Ivan Lins. Na banda de apoio, está um percussionista de São Paulo, Magno Bellini (codinome Magnobis). O cantor e fundador do grupo concedeu entrevista na semana passada. Agência Estado - O Manhattan Transfer começou como um quarteto hippie, em 1969. O que permaneceu daquele ideário em seu grupo, dos tempos de paz & amor para este, do medo da guerra? Tim Hauser - Não acredito que nada tenha mudado minha relação com a música desde que comecei a carreira. As mudanças do mundo só reforçaram minha visão. A natureza humana é a mesma e, por vezes, as forças negativas são mais fortes. Acho que é mais importante sabermos o que somos como indivíduos, não importando quão difíceis sejam os tempos. Vocês gravaram, em 1987, o disco Brasil, que combinava jazz vocal com bossa nova. Como anda sua relação com a música brasileira? Não acho, nem eu nem meus parceiros, que alguma vez tenhamos perdido o interesse na música do Brasil. Minha última aquisição foi um disco chamado Café Brasil, um tipo de Buena Vista Social Club. É fantástico. Mas, no momento, não temos planos de fazer outro álbum de música brasileira. Estamos com planos de fazer um Vocalese 2, e também um projeto latino, talvez em parceria com Eddie Palmeri. Ken Burns, na sua premiada série Jazz, diz que Louis Armstrong é o mais importante artista do jazz. Você concorda com ele? Louis Armstrong é a mais importante figura na história do jazz, porque ele está na sua fundação. Os conceitos de seus solos, perpassando o framework de suas seções rítmicas, deram o substrato de tudo que surgiu depois. Miles Davis definiu com perfeição, ao dizer: "Tudo leva de volta a Louis." O Brasil tem uma grande tradição em grupos vocais, do Bando da Lua de Carmen Miranda ao Quarteto em Cy. Você conhece algum deles? Primeiro de tudo, todo mundo com mais de 45 na América conhece o trabalho de Carmen Miranda. E, sim, ela foi minha introdução à música do Brasil. Mais, substancialmente, eu credito grande influência às minhas fitas de Os Cariocas. É lindo. Como será seu show no Brasil? Nós pensamos inicialmente em focar no nosso disco brasileiro, mas então concluímos que os brasileiros talvez preferissem uma mistura de tudo que fizemos ao longo da carreira. Vamos tocar nossos álbuns Vocalese e Brasil, e centrar especificamente nos discos mais recentes, Swing e Spirit of St. Louis. Espero que tenhamos feito as escolhas certas. Ouvi dizer que São Paulo tem alguns dos melhores restaurantes italianos e japoneses do mundo. Espero chegar com bastante apetite.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.