Hipnotizado pelas marteladas repetidas da trance music em uma rave organizada no Pátio da Cruz, na PUC-SP, Tatá Aeroplano foi tragado para dentro do seu próprio mundo. E saiu de dentro de si com Cadente, uma das mais delicadas canções do terceiro disco da carreira solo, Step Psicodélico – cujo show de lançamento está marcado para esta sexta-feira, 26, no Itaú Cultural, em São Paulo. A faixa ficou guardada com ele. Da experiência em si até a chegada de um álbum no qual ela se encaixasse esteticamente passaram-se 17 anos, mas certas coisas ficam guardadas na memória. “Lembro até que o (cantor e compositor pernambucano) Otto estava naquela festa”, conta.
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Tanto se passou pela vida de Tatá. Vieram e foram as bandas Jumbo Elecktro e Cérebro Eletrônico, nasceu a carreira solo com o álbum que levava o nome do músico, em 2012, criou-se o projeto paralelo Frito Sampler. Cadente, uma canção que lamenta a extinção de uma estrela (pelo menos na compreensão mais quadrada dos versos), tem, enfim, canções-irmãs.
Tatá, aos 40 anos, se estabeleceu no cenário independente paulistano pela capacidade incomum de contar histórias e pequenas crônicas em versos de música. Step Psicodélico, contudo, é o disco menos “literário” da carreira do músico, natural de Bragança Paulista. “É um disco com mais canções, mesmo”, concorda. Ele conta que, desde o ano passado, vem se apresentando ao lado da Julia Valiengo, uma da vozes da Trupe Chá de Boldo, “um show só de vozes e violão”, ele define. Para as apresentações, buscou por músicas com estrutura de canção.
A ideia do terceiro disco era, mesmo, ter a voz de Julia ao lado de Tatá. E havia a necessidade de criar-se composições nas quais as vozes de ambos pudessem bailar a vontade. Em uma noite de maio deste ano, “provavelmente dia 13 ou 14”, tenta recordar Tatá, ele foi novamente tragado para dentro de si. De uma vez só, compôs cinco das dez canções de Step Psicodélico. “Acordei naquele dia e percebi que já tinha as faixas para o terceiro disco.”
TATÁ AEROPLANO Itaú Cultural. Av. Paulista, 149, Bela Vista, tel.: 2168-1776. Sexta (26), às 20h. Grátis.