Um violino Stradivarius foi vendido hoje em Nova York por US$ 3,5 milhões, preço jamais alcançado por um instrumento musical em leilão. O violino, conhecido como "The Hammer", em referência ao sobrenome de seu proprietário original, foi adquirido por telefone em um leilão de instrumentos musicais organizado pela firma Christie´s. Fabricado por Antonio Stradivarius em 1707, em Cremona (Itália), o violino tinha um preço estimado de US$ 2,5 milhões, valor que foi superado após uma intensa disputa entre duas pessoas que davam seus lances por telefone. O preço final, que inclui as comissões da Christie´s, superou o recorde em leilão para um violino, que era de US$ 2,03 milhões, obtido no ano passado por outro Stradivarius, de 1699, chamado "Lady Tennant". "É um excelente violino, e esta venda reflete tanto sua qualidade como o fato de que Nova York não só é o centro mundial do mercado da arte, mas o epicentro do mercado dos instrumentos musicais", disse à EFE Kerry Keane, diretor do departamento de Instrumentos Musicais da Christie´s. Em sua opinião, é raro que um violino como este entre no mercado, já que pertence ao chamado "período dourado" de Stradivarius, que vai de 1700 a 1720. "São os Stradivarius mais cobiçados pelos colecionadores de instrumentos musicais", explicou Keane, que intermediou a bem-sucedida venda do violino por telefone. Comprador anônimo é patrono das artes O analista disse ainda que o comprador preferiu manter o anonimato, mas acrescentou que "se trata de um cavalheiro que é um patrono das artes e um grande amante da música erudita". "É provável que escutemos de novo este violino em um palco porque tenho a sensação de que, como bom filantropo, (seu novo proprietário) irá emprestar para que um grande violinista o toque", apontou. O proprietário anterior do violino, que tinha adquirido o instrumento em 1992, chegou a emprestá-lo à famosa violinista Kyoko Takezawa para uma série de concertos. Calcula-se que Stradivarius tenha feito mais de mil instrumentos musicais, dos quais existem cerca de 620 violinos, segundo os analistas da Christie´s. Nome do violino deriva de seu primeiro dono O nome do violino, "The Hammer", deriva de seu primeiro dono, o colecionador sueco Christian Hammer, um joalheiro da corte da família real da Suécia do século 19. O "Hammer" teve vários proprietários, mas permaneceu desde 1911 em prestigiadas coleções dos Estados Unidos, segundo Keane. "O que mais me chama a atenção neste instrumento é sua procedência. Esteve em coleções extremamente importantes dos EUA durante os últimos 100 anos", indicou o analista. Keane disse que o recorde, que certamente vai reajustar os preços de mercado de outros violinos de categoria semelhante, não o surpreende, já que seus 19 anos de experiência lhe ensinaram que em leilões tudo pode acontecer. A fascinação e o interesse mundial pelos violinos Stradivarius se devem a seu som único, alcançado com a precisão e a finura do mestre Stradivarius. Para se ter noção da obra de arte que é, dois pesquisadores universitários da Suécia, Mats Tinnsten e Peter Carlsson, utilizam avançados modelos feitos em computador para analisar sua construção, com a esperança de "revelar" os segredos de seu artesanato. Algumas pesquisas sugerem que o segredo da rica ressonância destes violinos pode estar tanto na idade da madeira como nos vernizes especiais ou nos tratamentos aplicados ao material.