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Murilo Busolin fala de cultura pop: música, séries e filmes sem descartar os 'guilty pleasures'

Karol Conká: o tombo depois do tombo

Feito às pressas e bastante criticado, mesmo antes do seu lançamento, o documentário sobre a vida de Karol Conká após a rejeição extrema no BBB está disponível no Globoplay em 4 curtos episódios.

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Por Murilo Busolin Rodrigues
Atualização:

Antes de iniciar minhas impressões sobre A Vida Depois do Tombo - o nome orna com a atmosfera amadora da produção -, é válido dizer que a própria apresentadora não teve voz ativa na finalização e narrativa do projeto.

Karol voltou pras redes sociais nas vésperas do documentário e afirmou estar superando a dor dia após dia. FOTO: Reprodução - Globoplay  

Uma das diretoras do documentário disse em entrevista que Conká talvez não gostasse do produto final.

Aqui já caem por terra todas as teorias de que a emissora responsável precisava limpar a imagem de que o reality seria prejudicial aos artistas convidados, ou que isso aliviaria tanto ódio desproporcional pra cima da cantora. Porque não, ele não vai.

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Os primeiros capítulos mostram uma Karol Conká de postura (ainda) intacta, apenas dois dias depois de sua eliminação com 99,17% dos votos. A ex-BBB estava ciente do mal que seus atos causaram no jogo e nos participantes eliminados, mas não tinha absorvido o impacto de sua participação em âmbito nacional.

Enquanto Karol encara, sem escapatória, vários telões que mostram seus péssimos atos na casa mais vigiada do Brasil, pedindo desculpas repetidamente e afirmando o seu profundo arrependimento enquanto limpa rios de lágrimas, o documentário faz um paralelo de suas atitudes, justificando com feridas ainda abertas de seu passado.

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A ascensão de Karol no cenário rap vem carregada de lutas precoces contra o machismo, racismo e a busca de uma melhor condição financeira, ao mesmo tempo em que ela coleciona desavenças com profissionais que colaboraram em sua carreira.

Os nomes DJ Nave Beatz, Drica Lara, Dj Zegon e Flora Matos são expostos de maneira rasa e infantil, sem conclusões, sem apresentar contrapartidas e qualquer relação com a presença da rapper no programa de TV.

Sua mãe Dona Ana, o filho Jorge, seu irmão Lilo e seu ex-marido Cadelis dão depoimentos sinceros o suficiente para entendermos que Karoline dos Santos Oliveira tem uma conduta considerada difícil.

A estremecida relação com seu falecido pai é apontada como o maior gatilho que Karoline possui, responsável por despertar seu pior lado na convivência com Lucas Penteado no BBB.

O nó na garganta é inevitável durante as cenas que envolvem o encontro entre os dois participantes.

">Lumena foi a única ex-BBB 21 que participou de toda a narrativa construída e que aceitou o convite cara a cara.

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Lucas desistiu de participar do encontro presencial com Karol, mas enviou um vídeo que faz qualquer um arrepiar enquanto assiste. FOTO: Reprodução - Globoplay  

A série documental funciona como uma nova e talvez última grande oportunidade midiática para que a artista conte o seu lado da história.

Sendo assim, A Vida Depois do Tombo é uma extensão desnecessária dos julgamentos feitos pelos justiceiros da internet. É o tombo depois do tombo.

Ela errou? Bastante. Precisava desse lançamento superficial ainda neste semestre por conta do hype do programa? Não.

Era necessário dar tempo ao tempo e levantar utilizando a sua principal arma: o microfone em mãos.

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