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'O Legado Bourne' põe as estruturas da América em xeque

Edward Norton conversa com o 'Estado' sobre o novo filme do roteirista e diretor Tony Gilroy

Por LUIZ CARLOS MERTEN - O Estado de S.Paulo
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RIO - Se tivesse sido encomendado, não teria dado tão certo. No fim de semana, o repórter assistiu na TV a um filme mais antigo de Edward Norton. Seus olhos brilham e ele quer saber: qual? Dragão Vermelho, de Brett Ratner. Por que Norton quis fazer o filme? "Pelos atores Anthony Hopkins, Ralph Fiennes e Harvey Keitel. Era a chance de trabalhar com os melhores." E em Moonrise Kingdom, qual era o atrativo? O novo filme de Wes Anderson abriu o Festival de Cannes, em maio. "Foi pela personalidade do diretor, eu o considero um dos autores mais interessantes da atualidade. Seus filmes possuem um tom especial. Tratam de família, a real e a sonhada." Moonrise Kingdom será distribuído no Brasil pela Paramount, mas ainda não tem título nem data no País. Norton rodou no Brasil parte de Hulk, que fez sob a direção de Louis Leterrier, mas ele não se arrisca a dizer que conhece o Brasil. "É muito vasto", resume. Biodiversidade e sustentabilidade são os assuntos que o trazem desta vez ao País. Como ele se preparou para os painéis de que vai participar? "Dou muitas palestras pelo mundo afora e já tenho certas técnica, além de conhecimentos, para abordar os assuntos. Mas me parece que o importante é ser espontâneo e trazer a conversa para o nível do espectador. Não quero saber mais que ele, mas gostaria de interessá-lo na discussão." O repórter havia visto na segunda noite Amazônia Eterna, documentário de Belisario Franca que integra o Good Planet Film Festival, integrado à Rio+20. Amazônia Eterna não é apenas um belo filme sobre questões essenciais sobre a região. O filme destrói mitos, mostra projetos de sustentabilidade e o faz com riqueza cinematográfica. Os documentários mais sérios às vezes deixam a desejar como cinema. "Entendo o que você quer dizer. Realmente, muitos filmes se preocupam com a qualidade da informação, mas não a da forma. Um bom exemplo em que ambas funcionam são os documentários de Werner Herzog." O ator é crítico em relação à indústria e aos filmes de que participa. Elogia Tony Gilroy, que dirige O Legado Bourne, porque tem boa mão para a ação e ao mesmo tempo critica as estruturas de poder na América. "O Legado é sobre o poder oculto das corporações, que se imiscuem no Estado e tentam controlá-lo", adverte. Mas o seu tipo de cinema preferido é outro. Edward Norton amou A Árvore da Vida, de Terrence Malick. "O filme conta uma história, mas seu objetivo é mais amplo. Há ali uma majestade que me fascina. Terrence fala do homem e da natureza. É um grande artista." Ele não gostaria de filmar com ele? "Anos atrás lhe escrevi uma carta. Passamos anos a nos comunicar, à espera do projeto certo para compartilhar. Quase fiz A Árvore, mas tive de desistir por causa de uma morte na família. Sigo esperando." E o cinema brasileiro? "Conheci José Padilha. Seu cinema é muito interessante, como os dois Tropa de Elite. Mas não é um cinema em que haja espaço para mim. Gostei muito de Ônibus 174. É um filme que me interessa mais. Não temos nenhum projeto comum, mas é certamente um diretor com quem vale a pena trabalhar."

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