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Adrienne Mancia, a super-heroína da preservação da memória do cinema

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Integrante do time de curadoria do Departamento de Cinema do Museu de Arte Moderna nos anos 1960, Adrianne Mancia foi responsável por levar parte expressiva do Cinema Novo às telas de NY  Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Organizações dedicadas à preservação da memória do audiovisual, como a International Federation of Film Archives (Fiaf), estão de luto: nesta quarta-feira, o Independent United Jersey Verein Cemetery, em Woodland Park (NJ), nos EUA, vai ganhar uma lápide em respeito ao descanso eterno de Adrienne Phyllis Johnson Mancia (1927-2022). Morta no domingo, aos 95 anos, ela foi um sinônimo de pesquisa e de acolhimento às narrativas cinematográficas. Foi curadora do Departamento de Cinema do Museu de Arte Moderna, de Nova York, onde ingressou em 1964, e, lá dentro, lutando em prol da diversidade cultural, ela virou uma das mais respeitadas programadoras de filmes e defensora do patrimônio imagético. Na segunda, sua amiga brasileira, a produtora Lucy Barreto, fez um belíssimo trabalho de alertar a imprensa do quão importante Adrianne Mancia foi para o Brasil. Em sua página no Facebook, Lucy postou: "Ela foi responsável pela famosa Semana do Cinema Brasileiro, em novembro de 1968, em Nova York. Foi nesse momento que o CINEMA NOVO foi introduzido, revelado ao público americano. Da Semana constavam 'O Padre e a Moça', de Joaquim Pedro de Andrade; 'A Hora e Vez de Augusto Matraga', de Roberto Santos; 'A Falecida', de Leon Hirszman; 'Menino de Engenho', de Walter Lima Jr.; 'Terra em Transe', de Glauber Rocha; 'A Grande Cidade', de Cacá Diegues; e 'Vidas Secas', de Nelson Pereira dos Santos", conta Lucy.

Adrienne e Lucy Barreto no Festival de Gramado de 1998  Foto: Estadão

No site da Fiaf, o historiador Christophe Dupin escreveu: "No MoMA, Adrianne trouxe inovações para o programa de exposições do auditório do Museu, encontrando o equilíbrio certo entre os programas de clássicos e as obras contemporâneas mais negligenciadas. Ela apresentou produções da América Latina e da Europa ao público americano. Nos anos 70, ela esteve envolvida na seleção de filmes para 'Novos Diretores/Novos Filmes', o novo festival anual apresentado pelo MoMA em associação com o Cineclube do Lincoln Center. (...) Ela serviu em diversos júris internacionais de cinema, incluindo os de Locarno, Vevey, Zagreb, Oberhausen, Roterdã, Tóquio, Nápoles e Cannes (Camera d'Or). Ela foi homenageada pelos governos da França (Chevalier de l'Ordre des Arts et des Lettres, 1984) e Itália (Crocce della Republica, 1988) por seu trabalho na exibição de filmes estrangeiros nos EUA. Em 2015, ela recebeu o prêmio Jean Mitry pela Giornate del Cinema Muto em Pordenone. Lucy lembrou que Adrienne foi homenageada pelo Festival de Gramado de 1998, recebendo um Kikito especial.

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