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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

Boas novas pro cinema argentino em 2023

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Martín Piroyansky estrela "O Método Tangalanga"  Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Vitaminado por uma indicação ao Globo de Ouro de Melhor Filme de Língua Não Inglesa, dado a "Argentina, 1985", que somou 1 milhão de ingressos vendidos de setembro a novembro, o cinema argentino se prepara para exorcizar de vez as sequelas comerciais (e morais) deixadas pela pandemia e viver um 2023 de êxitos, apostando em "El Método Tangalanga" como seu primeiro anzol de boas bilheterias... e de aplausos. Agendada para estrear no dia 19, esta fina comédia de Mateo Bendesky se ambienta nos anos 1960 e recria as aventuras de um exótico personagem portenho, que tornou famoso pelas gravações de seus feitos em fitas K-7, em que simulava trotes telefônicos. Seu nome: o Dr. Tangalanga. Estrelada por Martín Piroyansky, a trama acompanha as agruras de alter ego desse doutor, um tímido funcionário, Julio Victorio De Rissio, que se reinventa depois de uma sessão de hipnose, passando a fazer ligações telefônicas irônicas para animar seus amigos, entre eles Sixto López Ayala (interpretado por Alan Sabbagh), que está com câncer. Na sequência, o circuito argentino vai conferir "O Suplente" ("El Suplente"), de Diego Lerman, aplaudido no Festival de San Sebastián, sobretudo pela presença do ator chileno Alfredo Castro (de "No" e "Tony Manero"). Uma ode ao papel resiliente da educação escolar nas lutas do cotinente contra a violência e a intolerância. Na trama, um professor de Literatura, Lucio (Juan Minujín), que se esforça para salvar um estudante do universo de violência do tráfico de drogas. Em abril, o genial ator Guillermo Francella (de "Granizo" e "O Clã") voltará às telonas com "La Extorsión", sob a direção de Martino Zaidelis. Ele encarna um piloto obrigado a colaborar com um esquema do Serviço Secreto para se livrar de uma acusação. É um thriller com promessa de tensão. Já o incansável Diego Peretti (astro de "Vosso Reino") estará na linha de frente do novo projeto de Damián Szifron, o diretor de "Relatos Selvagens" (2014), chamado "Los Simuladores".

"Chocobar", de Lucrecia Martel  Foto: Estadão

É possível que o ano vá aplaudir um longa novo de Lucrecia Martel: "Chocobar". Seis anos depois do aclamado "Zama", a diretora argentina aposta nas narrativas documentais, explorando os bastidores políticos da morte do militante indígena Javier Chocobar por latifundiários. Estima-se que sua estreia se dê em agosto, no Festival de Locarno. La Martel brilhou, em 2022, com o curta "A Camareira" ("Camarera de Piso" e "Terminal Norte", lançado na última Berlinale.Lisandro Alonso, premiado pela Federação Internacional de Imprensa Cinematográfica em 2014, com "Jauja", retoma sua parceria com o americano Viggo Mortensen (de "Crimes of The Future") no longa "Eureka". No filme, o ator, que passou a juventude entre a Argentina e a Venezuela, estrela uma narrativa investigativa sobre a busca de uma filha perdida - mas em tons experimentais, como tudo de Alonso. Outra sólida aposta dos portenhos é "Búfalo", de Nicanor Loreti. Imagina um daqueles filmaços de luta que Van Damme estrelava nos anos 1980 e 90 ser feito, hoje, em cenários portenhos, com combatentes reais do MMAs. Eis o que este thriller representa. Neste "Dragão Branco, Lutador Sem Lei" hispânico, o dínamo do octógono Sergio "Maravilla" Martínez vive um craque das artes marciais que, depois de anos de cárcere, tenta refazer sua vida. O problema: seu ex-empregador no crime exige que ele faça um novo roubo, o que gera consequências sinistras. Mas seu treinador vai fazer de tudo para mantê-los nos ringues. A adrenalina cozinha aqui em fervura máxima. Ou seja, vai ter filme argentino por todo lado daqui até dezembro. Coisa boa à vista.

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