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Deus Sol de Gramado sorri pro Fantasma Neon

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Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Dennis Pinheiro (centro) ganhou o Kikito de Melhor Ator em Gramado por seu desempenho magistral no curta de Leonardo Martinelli  Foto: Estadão

RODRIGO FONSECA Na levada rascante do som e da voz do mineiro Dennis Pinheiro, astro em potencial, formado nas reflexões metafísicas da fundação Casa da Palha, no RJ, "Fantasma Neon", que conquistou a láurea Pardi di Domani em Locarno, em 2021, sagrou-se como "O" vencedor do 50º Festival de Gramado na seleção de curtas-metragens. Aula de geopolítica, o musical dirigido por Leonardo Martinelli ganhou quatro Kikitos (Melhor Filme do Júri Oficial; Melhor Filme do Júri da Crítica; Melhor Direção; Melhor Ator, dado a Dennis) e o Prêmio Canal Brasil. Sua trama narra (e canta) os percalços de um entregador de comida que singra as ruas do Rio de bicicleta, tentando preservar seus sonhos em meio a assombrações reais. Desde agosto do ano passado, quando brilhou em Locarno, o filme já recebeu 15 prêmios e flanou por cem festivais internacionais. Tem pela frente mais dez eventos já confirmados. No Brasil, vai pro Festival de Vitória e para o Guarnicê. No exterior, passa pelo Festival de Biarrtiz e Encounters Film Festival a fim de consolidar ainda mais seu prestígio. Este ano, em Locarno, Martinelli passou por uma residência artística a fim de desenvolver seu primeiro longa, que é derivado do universo de seu consagrado curta com Dennis.

O cineasta carioca com os troféus de Gramado dados a "Fantasma Neon" - Foto de @Fernando Pompeu Foto: Estadão

Como é assistir a musicais hoje, após o sucesso de "Fantasma Neon"? O que o filão passou a representar pra você como um signo de entretenimento? Leonardo Martinelli: Como cinéfilo, continuo buscando assistir e criar referências para novos e antigos musicais. Saber que tive a oportunidade de trabalhar nesse gênero é algo que me deixa contente até hoje.Quais são os caminhos que a saga do teu entregador de i-Food vai ganhar agora em formato longa? E o quanto esses caminhos se bifurcam com o Rio de Janeiro pós Crivella que temos hoje? Leonardo Martinelli: Nessa expansão e nesse aprofundamento do universo de "Fantasma Neon" para o longa-metragem, vamos pensar como as novas diversas configurações de trabalho na contemporaneidade se encontram com os desgastes dos direitos sociais e trabalhistas no Brasil. Dessa forma, buscaremos pensar como microcosmos que rodeiam esse personagem pode ser usado como alegoria para refletir uma situação maior e endêmica em nosso país. Independentemente das ações da Prefeitura, o desmonte dos direitos que sofremos a nível federal demora para ser reconstruído.Qual é o simbolismo de Gramado pós Locarno? O que a incursão no festival mais popular do país te mostrou? Leonardo Martinelli: Estrearmos e ganharmos esses cinco prêmios no Festival de Cinema de Gramado, incluindo Melhor Filme de curta-metragem do Júri Oficial, Júri da Crítica e Melhor Ator, foi realmente gratificante, como realizadores e como cinéfilos. Nossa equipe pôde aproveitar uma bela curadoria que trouxe das mais interessantes pulsões do cinema contemporâneo brasileiro, e foi uma grande honra fazer parte deste recorte. Enquanto em Locarno temos um belo panorama mundial do cinema de autor, em Gramado temos também o calor da recepção de nossos conterrâneos.Qual é o cinema, nacional e estrangeiro, que te serve de argamassa pro "Fantasma Neon"? Leonardo Martinelli: Pensando nos arquétipos e nas estruturas do gênero musical, passeamos nossas referências pelos musicais clássicos de Fred Astaire, Gene Kelly e Stanley Donen. Já nos mais subversivos, cruzamos por Bob Fosse e Jacques Demy. Entretanto, também me interessa muito pensar e construir em conjunto com uma nova geração de realizadores brasileiros. Nomes como Carlos Segundo e Marco Antonio Pereira fazem um cinema que emana novas abordagens e linguagens para latências do Brasil contemporâneo.

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