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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

'Escrita Íntima' documenta o amor e a pintura

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
"Escrita Íntima" faz uma viagem afetiva Atlântico afora Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca É imperdível o .doc português "Escrita Íntima", em cartaz às 21h0, no Espaço Itaú carioca, em Botafogo; às 19h, no Esp. Itaú Frei Caneca; e às 14h no Reserva Cultual SP. É um longa que comove, ao narrar a história de amor transatlântica entre a pintora lisboeta Maria Helena Vieira Da Silva (1908-1992) e o gravurista, desenhista e (também) pintor húngaro naturalizado francês Arpad Szenes (1897-1985). A travessia de ambos, ao deixarem Paris e seguirem para o Rio, quando a névoa do III Reich põe a Europa sob trevas, instigou o realizador João Mário Grilo a investigar o querer, o poder da criação e o próprio Velho Mundo a partir desse casal. Seu documentário faz uma reflexão do que o cineasta chama de "exílio da humanidade, aquele onde, tantas e tantas vezes, somos forçados a viver (para sobreviver)". Indicado ao Leão de Ouro de Veneza em 1982 com "A Estrangeira" e ao Leopardo dourado do Festival de Locarno, na Suíça, em 1996, com "Os Olhos da Ásia", Grilo deu uma dimensão filosófica ao longa, sobretudo ao analisar a maneira como as obras de arte de seus dois "personagens" contagiam seu olhar e sua narrativa. "É impossível não ser contagiado por essas obras, porque elas são a voz que fala pela interioridade deles. O que implica, claro, a visualidade específica dessas obras, mas sobretudo o tempo que elas implicam para serem mostradas", diz Grilo ao Estadão. "Esse tempo é o que permite a identificação total do sujeito, o conhecimento dele para além do que é simplesmente racional. E é isso que sempre acontece no cinema - documentário ou ficção -, na medida em que o espectador sempre conhece mais dos personagens do que simplesmente o que a história conta: há sempre um olhar, um gesto, uma forma de dizer ou caminhar, um tempo próprio que identifica a particularidade deste ou daquele sujeito. No caso de 'Escrita Íntima', essa intimidade entre espectadores e personagens é sobretudo criada pela arte e por tudo o que ela implica e a forma como ela vai construindo a trama afetiva da história e nos vai enredando nela, implicando o espectador nesse processo, fazendo-o parte da história.

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p.s.2: Em sua 70ª edição, agendada de 16 a 24 de setembro, o Festival de San Sebastián presta um tributo ao cineasta francês Claude Sautet (1924-2000) com uma retrospectiva de sua obra, que vai exibir "As Coisas da Vida" (1970) e "Um Coração No Inverno", que ganhou múltiplos prêmios no Festival de Veneza de 1992.

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