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De antena ligada nas HQs, cinema-pipoca, RPG e afins

'Invasão Zumbi 2 - Península' assombra a TV

Por Rodrigo Fonseca
Atualização:
Um levante armado contra uma horda de mortos-vivos, em nome de uma fortuna perdida, movimenta o longa-metragem de Yeon Sang-ho  Foto: Estadão

Rodrigo Fonseca Já se sabe que "Decision to Leave", de Park Chan-Wook, é o longa-metragem escolhido pela Coreia do Sul para representar a potência (cada vez mais crescente) de seu audiovisual aos olhos da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, para disputar o Oscar de Melhor Filme Internacional em 2023. Há um desejo deles de repetir o feito até hoje singular de "Parasita", oscarizado em quatro frentes em 2020. Por isso, os sul-coreanos investem nas telas nas mais variadas frentes, inclusive com um thriller de terror com mortos-vivos, que fez fortuna na Ásia e na Europa, chega à Megapix nesta sexta, com sessão às 21h: "Invasão Zumbi 2: Península", de Yeon Sang-ho. Com uma arrecadação global que beira US$ 43 milhões, "Train to Busan 2" (seu título original) é a sequência de um fenômeno popular de 2016, que faturou US$ 92 milhões, transformando Yeon de animador em um dos principais realizadores de narrativas live action de sua pátria. A franquia começa com um desenho animado, "Seoul Station", lançado há seis anos. O realizador anda atualmente envolvido com a série "Profecia do Inferno" ("Hellbound"). "O cerne de meus filmes sobre zumbis é a paranoia urbana que nos cercam. A Coreia não tem uma tradição grande em filmes de mortos que andam, mas eu recorro ao simbolismo deles pra retratar a decadência de nossa saúde e do sucateamento de corpos vulnerabilizados pelas intempéries do dia a dia. Minha ideia era fazer um alerta sobre o abandono, abordando ainda a gentrificação da Coreia hoje. Mas é um alerta um universal, que vai além da Ásia", disse Yeon ao Estadão, no início da produção de "Invasão Zumbi 2: Península", em Cannes, que concedeu sua chancela estética ao novo filme do cineasta em sua seleção de 2020. "Parti da curiosidade de entender como uma pessoa pode resistir a um ataque morto-vivo por 24 horas seguidas, como um reflexo das maratonas. Consumimos informação em série, sem pausa. Como seria consumir o medo?".

Estética do assombro Foto: Estadão

Respeitado mundialmente (com prêmios e elogios da crítica) como um dos maiores diretores de animação da atualidade, Sang-ho tem um passado de glórias animadas, vide "The King of Pigs" (2011) e "The Fake" (2013), que angariaram uma legião de fãs por seu retrato cru (e cruel) dos ritos de adolescer. Há um tema central em sua obra, a lealdade, seja entre amigos, colegas de escola, amantes ou parentes, como mostrava o "Invasão Zumbi" lançado em 2016 ao acompanhar os esforços de um empresário (o galã Gong Yoo) para proteger a filha e a peleja de um looser profissional (vivido por Ma Dong-Seok, um dos maiores atores do país) para defender sua mulher grávida. A parte dois, "Península", mais voltada para a adrenalina do que para o sobrenatural, é ambientada quatro anos após o surto de mortos-vivos que devastou o país. O eixo da trama é uma missão digna dos heróis de Stallone: atormentado por não ter conseguido salvar uma família, o ex-soldado Jung-seok (Gang Dong-Won) é convocado para ir ao centro da pandemia de criaturas famintas por carne humana a fim de resgatar um ônibus onde está uma fortuna. Uma vez mais, a importância de ser leal volta a ser o tema de Yeon. No apogeu de sua carreira, o cineasta cria sequências mirabolantes, como um vale tudo entre zumbis em um octógono.

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