Paulo Pasta abre sua primeira exposição em Nova York

Pintor abre hoje, na Galeria David Nolan, mostra com telas mais recentes, uma delas comprada pelo escritor Colm Tóibín

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Por Antonio Gonçalves Filho

A pintura de Paulo Pasta começou a correr mundo: primeiro foi uma exposição em Roma, depois em Londres e, a partir desta sexta, 4, suas telas ocupam a requintada David Nolan Gallery, em Nova York, criada em 1987 e representante do espólio do alemão George Grosz (1893-1959) e de outros gigantes nos Estados Unidos.

A exposição, que reúne telas abstratas de grandes dimensões, revela um novo caminho na pintura de Pasta. Essas obras recentes, definidas como representações poéticas de um espaço imaginário, sugerem por meio de linhas paralelas e diagonais o que o curador da mostra chama de “arquitetura metafísica”.

Tela do pintor Paulo Pasta em exposição na David Nolan Gallery, em Nova York  Foto: Ana Pigosso

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Essa pintura, ainda segundo a curadoria, remete à obra do arquiteto mexicano Luis Barragán (1902-1988), que combinou o melhor do modernismo europeu com as tradições mexicanas. Barragán foi o único mexicano a receber o cobiçado prêmio Pritzker, o Nobel da arquitetura, e, de fato, seus prédios e as cores que usava dialogam com a respeitosa evocação do cromatismo renascentista das recentes telas do pintor paulista.

Uma surpresa aconteceu antes da abertura da exposição em Nova York: o conceituado escritor irlandês Colm Tóibín, encantado com a pintura de Pasta, comprou uma tela sua. Tóibín, laureado este ano com o principal prêmio literário da Irlanda, é um colecionador e especialista em arte (escreveu sobre Bacon, Picasso). Entre outros artistas que promoveu está a hiper-realista Vija Celmins, meticulosa como Pasta quando reproduz a natureza em seus desenhos.

As telas mais recentes do pintor brasileiro, além de acentuarem a proximidade cromática com os pré-renascentistas (Duccio, Giotto), extraem da pintura dos mestres do Trecento a figura humana, privilegiando a arquitetura dos ambientes em que estão. Pasta destaca, no entanto, que essa subtração não é um gesto voluntarioso, mas uma tentativa de destacar a contemporaneidade dos mestres antigos por meio de uma nova concepção espacial.

Retrato do pintor Paulo Pasta e uma tela recente de 2022  Foto: Ana Pigosso

Detalhe interessante é que o marchand David Nolan, ao mostrar essa pintura a uma colecionador americano, recebeu dele, espontaneamente, a observação de que se tratava de um pintor brasileiro. A luminosidade de suas telas revelou a origem de Pasta, apresentado ao galerista pelo curador Simon Watson, que, no ano passado, organizou sua exposição Luz, no Museu de Arte Sacra.

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