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Teatro sob encomenda

O grupo Tela Viva, formado por atores profissionais e outros só corajosos, brilha nas festas oferecendo um produto único: uma peça de teatro escrita a partir da vida de cada homenageado

Por Agencia Estado
Atualização:

Se na sua próxima festa de aniversário você notar a presença suspeita de cinco rapazes bem-encarados, circulando pelo recinto de olho em você e nos outros convidados, sorria: você está sendo observado! Nos últimos meses, os tais rapazes, que formam o grupo teatral Tela Viva, têm sido responsáveis por temperar as mais diversas festas da cidade - de aniversários a bodas de casamento, passando por eventos empresariais e formaturas - com um original coquetel de gargalhadas e, por que não, de lágrimas emotivas também. O grupo descobriu um viés personalizado para o nem sempre criativo mercado dos telegramas animados: o que eles fazem pode ser descrito como um "esta é sua vida delivery". Formado pelos atores Dan Stulbach e Fábio Herford, pelo cantor Alexandre Edelstein, o músico Daniel Tauszig e o médico oftalmologista Sérgio Felber, o Tela Viva cria, a partir de um detalhado ritual de pesquisa e entrevistas, uma peça teatral sob encomenda para cada evento. O processo é mais trabalhoso tanto para quem contrata como para o próprio grupo, mas o resultado costuma ser bem mais certeiro do que o obtido pelas velhas drag queens que irrompem nas festas para invariavelmente dizer que mantêm um caso secreto com o aniversariante constrangido. "O que nós procuramos reproduzir, numa performance que dura cerca de meia hora, são as situações da vida do homenageado, suas manias, seus hobbies, seus relacionamentos", diz Edelstein, o entrevistador oficial do Tela Viva - nome que faz trocadilho com Tel-Aviv, em razão da oferta de sobrenomes judeus no organograma da trupe. Ao ser contratado para animar um evento, o Tela Viva envia Edelstein para uma espécie de censo sobre o homenageado. De posse das informações, o grupo se reúne para criar o enredo de uma performance, que inclui figurinos e partitura musical. "Quanto mais detalhes tivermos do homenageado, maiores as chances de produzirmos esquetes engraçados", diz Stulbach. Pesquisa do personagem na própria festa Com o tempo, as histórias acumuladas pelo grupo renderam um espetáculo próprio, o Tela Viva - a Comédia, apresentado no Teatro Ágora, no Bexiga. "O sucesso desta montagem nos colocou diante de um dilema: continuaríamos animando as festas ou nos tornaríamos um grupo de teatro profissional?", conta Stulbach. Concluíram que os bolos de aniversário eram mais convidativos do que a ribalta. O grupo leva de uma semana a dez dias para criar os esquetes e, tão importante quanto o perfil do homenageado é o trabalho de campo feito durante a festa. "É o momento em que, na surdina, observamos o nosso personagem, aprendemos seu jeito de andar, a entonação da sua voz", diz Herford. "Em alguns minutos temos de incorporar estes gestos à nossa performance já ensaiada." O grupo já se apresentou para platéias reduzidas, 30 pessoas em um apartamento, até eventos empresariais que reuniram 2 mil funcionários. "Mas em qualquer caso nosso intuito é divertir de forma não pejorativa. O homenageado não pode se sentir constrangido em sua própria festa", revela Stulbach. "Houve uma cliente que nos contratou para a festa de aniversário do marido. E revelou que o que havia de mais peculiar nele era o fato de roncar. Pensamos: a quem isso pode interessar, senão a ela mesma? Limamos este detalhe da performance", diz Edelstein. Os interessados em contratar o Tela Viva não precisam ter uma sala cinematográfica, com piso elevado e iluminação apropriada: eles dão conta do recado apenas com alguns biombos, os figurinos e um teclado. O cachê do grupo varia de R$ 1 mil, no caso de eventos menores, a R$ 2 mil, para apresentações em empresas ou congressos. O Tela Viva é, acima de tudo, um grupo que nasceu para divertir e manter unidos seus cinco integrantes. Com exceção do médico Sérgio Felberg, os outros quatro são publicitários que seguem carreiras paralelas. Dan Stulbach, por exemplo, constrói uma sólida reputação nos palcos em montagens como Os Magníficos, de Jean Genet, e Novas Diretrizes em Tempos de Paz, de Bosco Brasil, cujo papel lhe rendeu o prêmio APCA de melhor ator do ano, além de uma indicação para o prêmio Shell. Grupo Tela Viva, tel.: (011) 9291-8562 ou 3667-4403.

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