Análise: série ‘Designated Survivor’ volta com trama renovada

Disponível na Netflix, produção acompanha drama de político que assume presidência da noite para o dia

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Por Matheus Mans
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Na série, o ator Kiefer Sutherland assume papel do secretário Thomas Kirkman. Foto: Netflix

Não é apenas do jogo sujo de House of Cards ou do melodrama incessante de Scandal que vivem as séries sobre política na Netflix. A plataforma de streaming lançou silenciosamente, no final do ano passado, a ótima Designated Survivor, sob a produção da canal americano ABC e que ganha novos episódios ainda nesta semana. Apesar da pouca atenção recebida no Brasil, a série possui qualidade surpreendente e se destaca por sua história original e trama instigante.

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Nela, o incansável Kiefer Sutherland, de 24 horas, deixa Jack Bauer de lado e vive Thomas Kirkman, o secretário de habitação do governo dos Estados Unidos. Irrelevante politicamente, ele está prestes a ser descartado do governo quando um atentado mata todos políticos no Capitólio, centro legislativo dos Estados Unidos. Até mesmo o presidente e seu vice não escapam. Único sobrevivente na linha de sucessão, Kirkman, da noite para o dia e quase sem querer, se torna presidente dos Estados Unidos. 

Logo nos primeiros episódios da série, o espectador é jogado, junto com o ex-secretário de habitação, numa avalanche de sérios e complexos acontecimentos. Assim como ele, o senso de desorientação deixa a série interessante – não é à toa que foi escolhida como a segunda melhor série em 2016 por votação popular do site E!. 

É impossível não se colocar no lugar de Kirkman, que, ao contrário de Frank Underwood, de House of Cards, não tinha intenções de chegar ao comando da Casa Branca algum dia. Ele queria, apenas, regulamentar alguns projetos de urbanização no País e iniciar a construção de casas populares.

Mas, é claro, não apenas de boas histórias vive uma série. É preciso de uma dose de surpresa e reviravoltas. E isso é feito corretamente pelas mãos de David Guggenheim, que também já escreveu roteiro para os filmes O Resgate e Protegendo o Inimigo.  Muito criativo, e bebendo da fonte de Shonda Rhimes (roteiristas responsável pelas reviravoltas de Grey’s Anatomy), ele consegue criar situações plausíveis e que causam ansiedade no espectador – de um jeito positivo, é claro. Ele ainda é beneficiado pelo formato da série: ao contrário da maioria, que fica disponível de uma única vez na Netflix, Designated Survivor possui episódios semanais, que criam expectativa.

Além disso, Guggenheim consegue criar o efeito contrário de House of Cards. Enquanto no sucesso da Netflix vemos as atividades imorais – e até criminosas – de Frank Underwood, em Designated Survivor vemos um político tentando fazer sem prejudicar o povo. Tarefa que se torna cada vez mais difícil à medida que o jogo político vai esquentando e Kirkman, peixe pequeno nos Estados Unidos, tenta driblar os problemas. De um jeito sádico, é até divertido de assistir e causa forte empatia no espectador.

Renovação. Após estrear em novembro do ano passado na Netflix, a plataforma de streaming exibiu 10 episódios da série e, logo em seguida, entrou em hiato – quando uma série ou programa de TV tem a sua produção temporariamente interrompida por conta de conflitos de agenda do elenco ou, até mesmo, por conta de festividades no final do ano. Agora, quase três meses depois, a série volta nesta quarta-feira, 29, para concluir a sua primeira temporada, que deve ser encerrada com 18 episódios.

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Para quem assistiu a série até seu décimo episódio, o último a ficar disponível, a ansiedade é inevitável. Afinal, toda a trama foi interrompida em um momento de grande reviravolta e que pode mudar toda o clima da história de Kirkman. 

De acordo com informações divulgadas pela rede de televisão ABC, que produz a série, não só esta reviravolta será concluída, como toda a série ganhará um ar de tensão crescente. Afinal, o efeito de surpresa já passou para Kirkman, que também começa a participar do processo político.

Além disso, a série deve ganhar força com o novo cenário político dos Estados Unidos que, assim como o improvável Kirkman virou presidente, elegeu o também improvável Donald Trump. “Não estou surpreso que a série está tão perto da vida real”, disse David Guggenheim à Variety. “Na série e no País, temos líderes pouco prováveis. Só que o Kirkman, mesmo improvável, ainda é alguém que olha para todos e dá esperança para as pessoas.”

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