Ele agora é experiente

Descoberto em um show de comédia, repórter cara-de-pau virou sucesso no CQC

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Por Alline Dauroiz
Atualização:

Só alguém que conta piada sem esboçar nem um riso de canto de boca para segurar o papel de um entrevistador impertinente, que pergunta absurdos, desconcerta até os mais experientes e não leva porrada por isso. Conhecido dos bares e do YouTube por fazer comédia stand-up, Danilo Gentili, de 28 anos, encaixou-se perfeitamente no quadro Repórter Inexperiente do programa CQC, da Band. "Não imaginava que fosse virar sucesso", explica Gentili, escolhido entre 200 candidatos. Morador de Santo André até o mês passado, esse publicitário e cartunista diz que não assiste à TV aberta "nem morto" e que dorme com um caderno ao lado da cama, porque acorda de noite com idéias na cabeça. As perguntas do Inexperiente, aliás, são de sua autoria. "Muita gente contribuiu, mas o texto era meu e muitas perguntas ocorriam na hora." De onde vem sua cara-de-pau, já que nunca fez teatro? Não sei mentir. O charme do stand-up é ser você mesmo. E no Inexperiente não interpretei um personagem. Nunca fui repórter nem fiz nada na TV. Só exagerei a verdade. Quando começou na comédia? Desde criança persigo essa linguagem de humor e vi muito filme do Jerry Lewis. Como não tinha o movimento de stand-up no Brasil, tentei fazer do meu jeito. E fazia apresentando trabalho na escola, pregando na igreja... Na igreja? Eu era católico até os 14 anos. Aí fui parar na (igreja) Batista, onde virei líder dos jovens. Escrevia peça de teatro, pregava nos cultos, sempre com comédia. E lotava! Isso foi até meus 20 anos. Até ia ser pastor, mas cansei de palhaçada e resolvi virar humorista. Na verdade, fui expulso da igreja por questionar demais. Não deixaram mais eu pregar em culto dos jovens por fazer humor em blog, desenhar e tal. Como você foi parar na TV? O Diego Barredo (diretor do CQC) foi assistir a um show meu num bar e me chamou pra um teste, que foi (a entrevista com) o Agnaldo Timóteo. Você se inspirou em alguém? Vi um vídeo do Repórter Inexperiente da Argentina, mas era mais uma coisa de incomodar a pessoa com o microfone. E fiz do meu jeito, com as perguntas que queria e, como não podia parecer malicioso, tentei maquiar com ingenuidade. Ficou com vergonha de fazer alguma pergunta? Nenhuma! Só teve uma, que eu não fiz para a Gretchen, porque ela foi muito legal comigo. Ia perguntar: "O que você faria se sua filha engravidasse alguém antes do casamento?". Já com a Márcia Goldschmidt, perguntei um monte de coisa, mas cortaram na edição. Ela estava p... comigo. Em uma pergunta que cortaram, comecei a falar sobre os ex-maridos dela. E ela falou: "Não gosto que fale o nome nem sobrenome do meu ex-marido." E eu: "Então desculpa, eu chamei a sra. de Goldschmidt...deveria ter chamado só de Márcia." Quem foi mais difícil perturbar? Se o cara é legal, o que tem de mais ele ouvir uma pergunta? O Cabrini é um cara que achei legal. No final da entrevista, falei que ia mandar meu currículo e ele deu o endereço, ficou dando dicas, como se eu realmente fosse inexperiente. Já o Padre Marcelo tinha dois leões-de-chácara ao lado. Logo que cheguei, entregaram um papel com tudo o que eu podia e não podia perguntar...

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