O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, avaliou que 2024 tem uma “boa chance” de apresentar um viés mais positivo para o crescimento do que o que se projeta atualmente. “É difícil falar sem colocar em perspectiva que as análises econômicas têm errado muito ultimamente”, disse durante entrevista à jornalista Miriam Leitão, na GloboNews. A conversa exibida na madrugada desta quinta-feira, 28, foi gravada no dia 21 de dezembro.
Campos Neto lembrou que, no mercado, as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) estão na casa de 2%, e que a perspectiva é positiva para o Brasil no ano que vem, principalmente após a surpresa com a atividade deste ano.
“É importante entregar inflação na meta e juro mais baixo o possível”, frisou. Ao ser questionado sobre a estagnação do juro real, o presidente do BC disse que não é verdade que a taxa ficou parada nos últimos tempos e que ela recuou na mesma magnitude da Selic. Campos Neto explicou também que, para a autoridade monetária, mais importante do que a taxa de juro real é o esforço monetário desempenhado pela instituição.
Assim como já tinha feito em outras ocasiões, o comandante do BC admitiu que o juro real no Brasil segue alto ante pares, citando especificamente países da América Latina, mas considerou que, ao observar prazos mais longos, é possível ver um declínio da taxa. Ele ressaltou, porém, que é preciso que essa queda ocorra de forma contínua e consistentemente ao longo do tempo.
Campos Neto enfatizou que as taxas de juro futuro já estão antecipando quedas futuras e que os juros cobrados para empréstimos de longo prazo já estão menores hoje do que estavam tempos atrás. Mesmo assim, ele evitou mudar a comunicação feita oficialmente pelo BC nos últimos tempos e reforçou que o ritmo de quedas de 0,50 ponto porcentual da Selic segue como o mais apropriado no momento.
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Sobre autonomia, o presidente do BC disse que é importante passar a mensagem de que a autarquia é um órgão técnico. Quando questionado sobre o real impacto que sofreu das críticas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a “demora” de reduzir a Selic, ele respondeu que durante toda sua vida foi nos momentos de pressão que mais aprendeu. Isso, de acordo com Campos Neto, foi válido para esse episódio também e, inclusive, serve para o BC e demais instituições.
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