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A era dos superapps: entenda a ‘principalidade’ e como fica a competição entre bancos por clientes

Com avanço do Open Finance, instituições competem para que seus aplicativos sejam escolhidos pelos clientes como a principal porta de entrada, mesmo que consuma produtos e serviços financeiros de outras empresas

Foto do author Adriana Fernandes
Foto do author Bianca Lima
Por Adriana Fernandes e Bianca Lima
Atualização:

BRASÍLIA - A nova era dos superapps dos bancos é regida pela “principalidade”. Substantivo feminino usado para nomear a característica do que é principal, essa palavra é chave para entender a competição que se dará cada vez mais entre os bancos com a expansão do sistema de Open Finance, prevê ao Estadão o diretor de Regulação do Banco Central (BC), Otávio Damaso.

Ser principal no Open Finance significa para os bancos trabalhar para que o que o seu superapp seja o principal aplicativo do seu cliente. O Open Finance possibilita aos clientes compartilhar seus dados financeiros e fazer transações entre instituições autorizadas pelo BC. Por esse “ecossistema” bancário, o cliente tem acesso a serviços relacionados a pagamentos e à contratação de operações de crédito e aplicação de investimentos de outros bancos por meio do aplicativo.

Para Damaso, a busca da principalidade será muito importante para reforçar a relação do banco com o cliente.  Foto: Wilton Junior

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“O que o banco quer? Que você o use como o banco principal. A briga está sendo pela principalidade”, resume Damaso, que está à frente da diretoria do BC que cuida das normas necessárias para colocar em funcionamento o novo sistema.

“Cada instituição financeira vai tentar fazer com que você escolha o superapp dela para ser a sua principal interface de relação no sistema financeiro”, complementa. Para Damaso, a busca da principalidade será muito importante para reforçar a relação do banco com o seu cliente.

“Mesmo que ele ofereça produtos de uma plataforma de investimento, mesmo que você consiga visualizar a sua conta em outro banco, ao entrar no superapp dele, você está reforçando a sua relação com aquela instituição específica”, diz ele. O diretor do BC conta que a discussão em torno desse tema ganhou força no Brasil após o crescimento do mercado de cartão de crédito.

“De 2020 para cá, sabemos que o cartão de crédito teve uma explosão de crescimento. Algumas instituições financeiras, para não falar todas, foram para o chamado mar aberto. A inadimplência subiu, porque elas foram trabalhar com um cliente que não conheciam”, explica o diretor do BC.

De acordo com ele, o que a instituição financeira está querendo agora é que o cliente o adote como banco principal, mesmo que consuma produtos e serviços financeiros de outras instituições. “Quando falo banco, estou me referindo a tudo: cooperativa, banco digital, fintech; todo mundo está nessa onda agora”, ressalta.

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De acordo com dados do BC, já são mais de 41,3 milhões de consentimentos ativos para compartilhamento de dados no âmbito do Open Finance, e um total de 27,2 milhões de clientes com compartilhamento de dados ativos em pouco mais de dois anos de implantação.

Antes do Open Finance, o banco não “enxergava” o relacionamento que clientes possuíam com outras instituições, o que prejudicava a competição entre elas.

Com a permissão de cada correntista, as instituições se conectam diretamente às plataformas de outras instituições participantes e acessam exatamente os dados autorizados pelos clientes. Segundo o BC, todo esse processo é feito em um ambiente seguro e a permissão pode ser cancelada pela pessoa sempre que ela quiser.

Norma recente do BC, publicada em outubro passado, permite às instituições participantes ofertar prazos de validade mais longos do que o limite anterior - de 12 meses de duração da autorização para o compartilhamento -, mantendo a determinação de que seja permitido ao cliente revogar o consentimento a qualquer momento.

Inicialmente, essa jornada de renovação simplificada estará disponível apenas para clientes pessoa física, mas será estendida para pessoa jurídica a partir do próximo ano.

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