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Além da Argentina, real dá mais poder de compra a brasileiros em outros países da América Latina

Vai viajar? Veja em quais países da região a moeda brasileira ganhou valor nos últimos tempos

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Por Wesley Gonsalves
Atualização:


A desvalorização do peso argentino transformou o país vizinho em uma atração vantajosa para os turistas. Mas o ganho de poder de compra do real não é um caso isolado, já que a combinação de fatores econômicos externos e crises políticas domésticas têm pressionado a desvalorização de outras moedas latino-americanas frente não apenas ao dólar, mas também ao real – o que ajuda a vida de quem está planejando viajar para determinados destinos da América Latina.

Real valorizado ante moedas da América Latina faz brasileiro ganhar poder de compra em viagens aos países vizinhos, incluindo o México - Foto Nathalia Molina/ESTADAO Foto: Nathalia Molina

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Segundo dados do site Decolar, cidades como Buenos Aires e Bariloche (Argentina), Santiago (Chile), Montevidéu (Uruguai) e Lima (Peru) foram os destinos internacionais mais procurados pelos brasileiros na América Latina desde o início do ano. A escolha dessas regiões coincide com a lista de países cujas moedas se desvalorizaram mais perante o dólar do que o real nos últimos tempos.

Para especialistas ouvidos pelo Estadão, no último ano, o real teve o melhor desempenho ante o dólar do que os pesos mexicano, chileno e colombiano, por exemplo. Segundo o economista da XP Francisco Nobre, além de fatores domésticos, a alta nos preços das commodities vem pressionando as moedas de países latino-americanos por causa da dependência dos países aos produtos que são negociados em dólar.

No entanto, como o câmbio das moedas da região varia muito, como fazer as contas para saber se está valendo a pena ir para determinado país? Segundo o educador financeiro do banco C6, Liao Yu Chieh, a resposta é simples: é necessário pesquisar os preços de restaurantes, de atrações turísticas e de itens de alimentação nos supermercados. Tudo isso ajuda a entender não só a conversão, mas quanto o real é capaz de comprar em cada destino.

“O melhor jeito de aproveitar o momento de desvalorização das moedas é estudando o custo de vida do país montar um roteiro”, diz Chieh. O educador financeiro pontua que estar atento à variação do real ante ao dólar é primordial na preparação de viagens. “Sempre que o real fica mais forte, ou seja, se valoriza ante ao dólar, o poder de compra do turista brasileiro aumenta.”

Poder de compra em hambúrguer

Um indexador econômico que pode facilitar nessa tarefa é o “índice Big Mac”, criado pela revista inglesa The Economist em 1986. O guia analisa o preço do sanduíche da rede de fast-food em diferentes países em relação ao dólar americano, como forma de comparar o poder de compra entre diferentes nações. “Esse índice tem limitações, mas é um jeito fácil e divertido de comparar o custo de vida em países diferentes”, afirma o economista da XP.

De acordo com o levantamento da revista, em dezembro de 2021, o preço médio de Big Mac no Brasil era de R$ 22,90. Na cotação da época, o valor do lanche nos Estados Unidos custaria R$ 30,85 para um brasileiro, o que significaria uma redução no poder de compra de 25,77%. Se analisado na variação do câmbio em julho deste ano, essa defasagem do real aumenta para 27,95%, com o sanduiche custando R$ 31,78.

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Criado pela revista The Economist, Índice Big Mac pode ajudar a entender o poder de compra em diferentes países. Foto: Divulgação. Foto: Divulgação

Para esta reportagem, o Estadão fez a comparação do Big Mac Index em 11 países (os Estados Unidos, mais dez países da América Latina). Quando o índice é levado em conta, o real tem poder de compra superior ao praticado em 9 desses destinos. Na cotação atual, a moeda brasileira tem a maior diferença em relação ao peso colombiano. Hoje, 1 peso colombiano equivale a R$ 0,0012.

No caso da Argentina, principal destino de viagem internacionais dos brasileiros, o peso se desvalorizou 22% ante ao real e 23% ao dólar americano em 12 meses. Conforme o indexador, em dezembro de 2021, o sanduíche custava aproximadamente R$ 22,75 em solo argentino. Seis meses depois, o preço caiu para R$ 18,85, ficando mais barato para os brasileiros (veja a comparação entre diferentes países no gráfico abaixo).

Dos países da América do Latina analisados pela The Economist, o real só tem poder de compra inferior ao Uruguai. Hoje, o sanduíche tradicional do McDonald’s sairia hoje a R$ 30,82 no país, ou 25,7% a mais do que por aqui.

Dicas para fazer a conversão

Se a diferença cambial traz um ganho expressivo no poder aquisitivo do real diante das moedas de países latino-americanos, a falta de planejamento na hora de converter o dinheiro pode minar essa diferença e até deixar o brasileiro no prejuízo. O executivo do C6 lembra que, no caso de viagens internacionais, é importante estar atento às taxas de conversão e do uso do cartão de crédito. “No Brasil, o custo para moedas estrangeiras é alto, então o viajante precisa estar atento”, afirma Chieh.

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Outra dica do educador financeiro do C6 para os turistas é comprar dólares, em vez de pesos (de qualquer país). “Chegando ao destino você converte para o dinheiro local. Além disso, vários países aceitam pagamentos feitos com moeda americana”, afirma. Desta forma, o turista se protege do risco de ficar com “moeda fraca” nas mãos.

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