Foi uma mudança de opinião. O cofundador da Apple havia dito, faz poucos meses, achar que o despertar da inteligência artificial seria muito ruim para a humanidade, e que os robôs iriam se livrar de nós por sermos lentos e ineficientes.
O medo de que a inteligência artificial torne a humanidade obsoleta é muito próximo do temor de que as máquinas acabem com o trabalho. Em seu clássico Os meios de comunicação como extensão do homem, ainda na década de 1960, o canadense Marshall McLuhan mostrou como cada tecnologia amplia capacidades de nosso próprio corpo.
O fogão é uma extensão do nosso estômago; o carro, das pernas; a casa, de nossa pele; a rede de telecomunicações, de nosso sistema nervoso. Apesar de ter sido popularizada por McLuhan, a ideia não era nova. O escritor holandês Hendryk Willem Van Loon, que anda meio esquecido, já propunha em A história das invenções, da década de 1930, que todas as invenções são extensões dos atributos físicos do homem.
Grande parte das aplicações de inteligência artificial atuais é de sistemas especialistas, criados para tarefas bem específicas. Sistemas que negociam ações automaticamente conseguem ser melhores que corretores de carne e osso, entre outros fatores, pelo volume de informações que processam e pela velocidade com que tomam decisões. O computador Watson, da IBM, pode ser treinado para atividades como atendimento a clientes, diagnóstico de pacientes e análise de risco para instituições financeiras.
O desafio ainda é criar sistemas inteligentes de uso geral. Carregamos nos celulares assistentes pessoais como Siri, da Apple, e Google Now, mas eles ainda estão muito longe da Samantha, o sistema operacional com a voz da Scarlett Johansson do filme Ela.
O jornalista Kevin Kelly, em seu livro Para onde nos leva a tecnologia, afirma que, conforme robôs vão assumindo nossas atividades, ficamos com mais tempo para criar novas tecnologias. Mas o que acontece quando as máquinas se tornam criativas?
O Google usa uma rede neural artificial, que imita o funcionamento do cérebro, para reconhecer imagens. Recentemente, engenheiros da empresa ensinaram essa rede a “sonhar”, buscando e reforçando padrões de imagem onde originalmente não existem, num processo que eles chamaram de “incepcionismo”. O resultado – que inclui um porco-caracol, um camelo-pássaro e um cavaleiro formado por cães – é surpreendente.
DIGITAIS
Vida em Marte
Terraformação é o processo de transformar a temperatura e a atmosfera de um corpo celeste para que ele fique parecido com a Terra e suporte vida. A Darpa (agência de pesquisas do Departamento de Defesa dos EUA) crê já ter o conjunto necessário de ferramentas para a terraformação de Marte. Um dos componentes é o software GTA GView, que mapeia genomas. A ideia é enviar a Marte organismos geneticamente modificados para tornar o planeta habitável. A internet surgiu de um projeto da Darpa.
Via satélite
Sediada em Londres, a OneWeb conseguiu levantar US$ 500 milhões para lançar uma rede de 648 microssatélites e oferecer internet de banda larga no mundo todo. Entre os investidores estão Airbus, Hughes, Intelsat, Qualcomm, Coca-Cola e Virgin. A expectativa é começar a operar em 2019.