Desempregada, a mãe da Isa (7 anos) e do Iuri (2 anos), Franciele Torquato Daves conta com a ajuda da mãe para pagar o aluguel e comprar comida. Quando a pandemia da covid-19 começou, a gaúcha de Tramandaí, cidade praiana do litoral norte do Rio Grande do Sul, se separou do marido.
Somente meses depois, em novembro, ela conseguiu tirar o nome do ex-marido do cadastro único e teve que brigar na Justiça para receber o auxílio emergencial. Em setembro deste ano, conseguiu receber uma parte das parcelas atrasadas do benefício que era emergencial para o enfrentamento da covid-19. Mas os R$ 5.450 que recebeu de uma vez já estavam comprometidos com as dívidas. “Já gastei tudo”, conta ela, que ainda espera receber as parcelas que diz ter direito.
Sobre o Auxílio Brasil, o novo programa, Francielle sabe pouco, situação que é parecida a de grande parte dos beneficiários do auxílio emergencial que ficaram sem o novo benefício do governo, que substituiu o Bolsa Família.
Fila
Sabrina Souza, de Teresina, no Piauí, tem 24 anos, está desempregada há três anos e não sabe como ficará o seu cadastro. “Sou cadastrada no Bolsa e o benefício deveria vir automático. Eu vou no Cras (Centro de Referência de Assistência Social) tentar resolver, mas acho que é perda de tempo, tem uma fila enorme”.
Segundo Paola Oliveira, diretora institucional da Rede Brasileira de Renda Básica, essas histórias de falta de informação, atrasos de pagamentos e de filas são comuns a milhões de famílias. “O governo segue os erros do auxílio emergencial e nem mesmo os acertos, como diferenciação de benefício para as mães solo, conseguiu manter”.