GOVERNO CENTRAL
O mau resultado de agosto veio sobretudo do governo central, com déficit primário de 11,951 bilhões de reais, muito acima do saldo negativo de 55 milhões de reais visto um ano antes. Os governos regionais tiveram rombo de 2,337 bilhões de reais no mês passado, enquanto que as estatais, de 173 milhões de reais.
Com os dados de agosto, o déficit nominal --receitas menos despesas, incluindo pagamento de juro-- ficou em 31,476 bilhões de reais no mês passado, enquanto a dívida pública representou 35,9 por cento do PIB, acima dos 35,5 por cento estimados em pesquisa da Reuters.
Na segunda-feira, o próprio BC reconheceu que a política fiscal neste ano não é neutra, e que acabou pressionado a inflação.
Em agosto, os cofres públicos foram beneficiados com a entrada de receitas extraordinárias do Refis, de 7,13 bilhões de reais, mas que não foram suficientes para evitar que a Receita Federal cortasse pela metade a previsão de crescimento real da arrecadação neste ano, para alta de apenas 1 por cento.
"A erosão da postura fiscal está elevando a dívida líquida e bruta, o que, se continuar, aumenta o risco de rebaixamento do rating soberano. Além disso, o ativismo fiscal está minando a eficácia da política monetária em seus esforços para realinhar e ancorar a inflação atual", escreveu em relatório o diretor de pesquisa econômica do Goldman Sachs para América Latina, Alberto Ramos.
(Reportagem adicional de Silvio Cascione, em Brasília)