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Bastidores do mundo dos negócios

Com fundo de US$ 3 bi, gestora de genro de Trump estreia no Brasil

Affinity Partners acaba de chegar ao conselho de administração da Zamp, dona do Burger King e Popeyes

Foto do author Altamiro Silva Junior
Foto do author Aline Bronzati
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast) e Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:
Zamp é a holding brasileira que controla as franquias de fast-food Burger King e Popeyes no mercado local Foto: Estadão

Peixe pequeno perto de pesos pesados de Wall Street e com recursos captados em sua maioria na Arábia Saudita, a discreta gestora americana Affinity Partners, com US$ 3 bilhões em ativos, é uma das mais novas investidoras no Brasil, em pleno governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Ganhou os holofotes por ter sido fundada pelo genro do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o investidor Jared Kushner, e acaba de chegar ao conselho de administração da Zamp, a holding brasileira que controla as franquias de fast-food Burger King e Popeyes no mercado local. O seu desembarque coincide com a negociação da primeira aquisição da Zamp: as operações da rede Starbucks no Brasil.

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Criada em 2021, na Flórida, o investimento da Affinity na Zamp, de US$ 200 milhões, é o primeiro na América Latina. A gestora ganhou ampla repercussão na imprensa americana, em meio às eleições presidenciais nos Estados Unidos, com Trump de novo na disputa. Kushner é casado com a filha do ex-presidente, Ivanka Trump, e foi conselheiro sênior da Casa Branca durante a gestão do sogro.

Aos 43 anos, ele tem dito a pessoas próximas que não pretende voltar a ocupar cargos no governo caso Trump vença o democrata Joe Biden nas eleições de novembro. Riscos de conflitos de interesse em meio à corrida presidencial nos EUA colocaram a gestora de Kushner sob maior escrutínio, mostrou o ’The New York Times’.

Apesar de ser americana, 99% dos recursos captados pela gestora vêm do exterior, conforme comunicado enviado à Securities and Exchange Commission (SEC, que regula o mercado de capitais no país), em março último. Boa parte da grana vem de contatos que Kushner fez enquanto estava na Casa Branca, em especial, com investidores do Oriente Médio. Tanto que consultores do fundo da Arábia Saudita chegaram a orientar que o investimento em sua gestora fosse rejeitado. O Mohammed bin Salman, o príncipe herdeiro saudita, ignorou a recomendação e colocou US$ 2 bilhões na gestora do genro de Trump.

Além de fundador, Kushner é o presidente da Affinity, que tem 40 funcionários. Em uma conversa em janeiro no evento iConnections, em Miami, ele contou que costuma ser bastante seletivo ao escolher os seus novos investimentos. Nos primeiros dois anos, a gestora investiu só cerca de 20% do fundo. Nos últimos seis meses os investimentos começaram a acelerar e hoje passam de US$ 1,2 bilhão em um total de dez aportes, a maioria fora dos Estados Unidos.

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Quando estava na Casa Branca, em negociações com governos, as conversas eram bem mais lentas e complicadas, contou Kushner, ressaltando que no mundo privado há métricas de rentabilidade e receita que precisam ser observadas. Sobre áreas de interesse, o genro de Trump está especialmente focado na inteligência artificial e na infraestrutura necessária para permitir que essa tecnologia avance. “O impacto da IA tende a ser enorme.” Outros focos são energia e mudanças nas cadeias de suprimento globais por causa de questões geopolíticas, como o ‘nearshoring’.

Os Estados Unidos são o principal foco da Affinity, mas América Latina também está no radar, onde além da Zamp, a empresa está fazendo um outro investimento. O Oriente Médio também é uma das prioridades da gestora, que já investiu em Israel. Na Zamp, o fundo soberano árabe Mubadala é o maior investidor, com quase 60% da empresa, porcentual alcançado nos meses finais de 2023, após compras no mercado, em um ruidoso esforço para chegar ao controle da holding, retirar a empresa do Novo Mercado da B3 e ser mais agressivo em fusões e aquisições, movimento que causou a objeção de alguns investidores minoritários.

Procurada, a Affinity não retornou os pedidos de entrevista.


Este texto foi publicado no Broadcast no dia 01/05/24, às 12h30

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