A norte-americana Greystar, maior empresa do mundo em prédios residenciais destinados à locação, revisou os seus planos de crescimento no Brasil. O objetivo ainda é crescer, mas os projetos foram reduzidos em função das dificuldades da economia, tanto daqui quanto do exterior.
Há um ano, a Greystar lançou um fundo de investimento para captar R$ 1 bilhão para desenvolver uma nova leva de empreendimentos por aqui. No entanto, o negócio não se concretizou por causa da subida dos juros, que desestimulou investidores a assinarem cheques tão grandes.
A Greystar atua abrindo fundos que bancam os projetos. A empresa fica com uma participação minoritária, concentrando-se na locação e na gestão dos imóveis, enquanto os sócios financeiros fazem o maior aporte e ficam como majoritários. Foi assim no primeiro fundo local, aberto em 2020, que teve Greystar (5%), Cyrela (20%) e o fundo de pensão canadense CPP (75%).
Em busca de um novo caminho
“As taxas de juros mais altas ao redor do mundo direcionaram os recursos para a renda fixa, e os grandes investidores globais estão segurando os aportes. Eles ainda vão levar cerca de um ano para voltar. Então, estamos buscando um novo caminho”, contou o líder da Greystar no Brasil, Vitor Costa, em entrevista para a Coluna.
“Agora buscamos o investidor local, como gestoras especializadas em mercado imobiliário, com conhecimento e apetite pelo setor”, disse Costa. “Estamos avaliando oportunidades. Em breve anunciaremos parcerias”.
Com isso, a pretensão de captar R$ 1 bilhão foi revista. Agora, é mais factível levantar de R$ 300 milhões a R$ 600 milhões, o que seria suficiente para erguer de três a cinco empreendimentos, numa combinação de capital dos cotistas com tomada de financiamento.
Tese segue a mesma
Já a tese de investimento do novo fundo continuará a mesma: atender o público de classe média nos grandes centros, onde existe o maior potencial de ganho de escala. Este é um segmento ainda pouco explorado, uma vez que as maiores empresas do setor têm oferecido aluguel de apartamentos em bairros nobres para o público de alta renda. A exceção é a Luggo, do grupo MRV&Co, focada na classe média.
“A Selic alta é ruim, porque encarece o custo das dívidas e desestimula investimentos. Por outro lado, também dificulta a compra do imóvel pela pessoa física, o que reforça a demanda pelo aluguel”, observou o executivo.
No novo projeto, a Greystar pretende ofertar apartamentos mobiliados, lazer no condomínio, dispensa de fiador e todas as contas (água, luz, internet) em um único boleto para o inquilino. O foco é atender solteiros e famílias pequenas em plantas de um e dois quartos, mas com opções maiores.
Projetos estão no cronograma
O líder da Greystar no Brasil disse que os projetos anunciados há quatro anos, quando a empresa desembarcou no País, estão evoluindo dentro do cronograma e com aluguel até maior que o previsto. Ao todo são sete prédios voltados ao público de alta renda, comercializados sob a marca Ayra. O primeiro deles foi inaugurado em Pinheiros há um ano e atingiu ocupação média perto de 90%. As próximas aberturas são em Higienópolis (este mês), Pinheiros, Moema e Perdizes (2025), Vila Madalena e Brooklin (2026).
No começo deste ano, a Greystar também assumiu a operação de moradias estudantis da Share, composto por cinco prédios em São Paulo e no Rio Grande do Sul, como mostrou a Coluna do Broadcast na época. Ao todo, a Greystar tem R$ 2,1 bilhão em ativos sob gestão no Brasil, sendo 1,7 mil unidades da Ayra e 1,9 mil quartos da Share, totalizando 3,6 mil unidades. No mundo todo, são mais de 1 milhão de apartamentos e quartos sob gestão.
Esclarecimento: A Gresytar entrou em contato após a publicação da reportagem para informar que ainda pretende captar R$ 1 bilhão dentro do seu fundo, embora isso tenha ficado para o longo prazo. A redução descrita no título da reportagem se refere aos planos de captação neste momento, que diferem do anunciado um ano atrás. A seguir, posicionamento da empresa:
“A Greystar não reduziu os planos de investimento no Brasil. Pelo contrário, no momento em que os investidores institucionais estão aguardando a queda das taxas de juros, a Greystar implementa uma nova estratégia de captação com investidores locais para continuar expandindo o segmento de renda residencial no Brasil.”
Esta notícia foi publicada no Broadcast+ no dia 05/12/2024, às 17:52.
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