EXCLUSIVO PARA ASSINANTES
Foto do(a) coluna

Bastidores do mundo dos negócios

Em jantar da ‘reforma tributária’ com Haddad, PIB critica juros altos

Encontro com ministro da Fazenda teve participação de 50 comandantes de grandes empresas e bancos

PUBLICIDADE

Foto do author Cristiane Barbieri
Por Cristiane Barbieri (Broadcast)
Atualização:
O ministro da Fazenda Fernando Haddad e o presidente Lula Foto: Adriano Machado/Reuters

Apesar de o governo ter o objetivo de conquistar o apoio da iniciativa privada à reforma tributária, no jantar que juntou na quarta-feira o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, com o PIB brasileiro, os empresários preferiram falar dos entraves causados pelos juros altos nos negócios - em linha com as críticas que o governo vem fazendo à condução da política monetária feita pelo Banco Central. Organizado pelo Grupo Esfera, o encontro contou com 50 comandantes de grandes empresas e bancos. Entre eles, Luiz Carlos Trabuco (Bradesco), Jean Jereissati (Ambev), Eduardo Bartolomeo (Vale), Rubens Menin (MRV), Rafael Sales (Aliansce BrMalls) e Isaac Sidney (Febraban).

PUBLICIDADE

Do lado do governo, Gabriel Galípolo, secretário-executivo do ministério da Fazenda, também esteve presente. Haddad abriu o encontro defendendo o diálogo. Como exemplo, citou o acordo em relação à Medida Provisória do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que, caso efetivado, deve isentar o contribuinte de multas e juros.

João Camargo, fundador do Esfera, apoiou a intenção de maior abertura e diálogo e reiterou a importância da reforma tributária. Porém, disse que a questão dos juros era a mais importante da pauta atual. “Muitos gestores de asset afirmaram no evento do BTG que são favoráveis ao aumento da meta de inflação, porque a inflação vai perdurar no mundo todo. Todo mundo está se preparando para viver um período inflacionário. O Brasil tentou a vida inteira exportar inflação e ninguém comprou. Agora, a gente está importando dos países ricos”, disse.

“Juros elevados travam negócios e inibem investimentos”

Os empresários juntaram-se ao coro, com depoimentos sobre a situação que vivem: juros altos têm travado os negócios e inibido investimentos. “A maior parte de nós paga juros e não recebe juros”, disse o comandante de um grande grupo ligado, entre outros setores, ao varejo. De acordo com ele, as corporações estão sendo obrigadas a revisar investimento porque o juro hoje é muito maior por causa de um problema estrutural.

Rubens Menin também falou no jantar sobre o impacto dos juros no investimento: “nas empresas os budgets (orçamentos) são plurianuais. Em 2020 e 2021, as empresas tinham feito planos de investimento de dois, três ou quatro anos e alguns deles, não conseguimos parar. Fica muito caro para parar e o remédio fica muito pesado. O remédio no Brasil está muito mais amargo do que se pode imaginar. Não dá. Se durar mais dois anos o remédio vai corrigir um pequeno defeito, mas vai ser mais nocivo”.

Publicidade

Empresários questionaram tom considerado beligerante de Lula

No encontro, empresários também questionaram Haddad sobre o tom considerado beligerante de Lula. Na visão dos empresários, o presidente parece muito ansioso para mostrar serviço e tem elevado desnecessariamente o tom dos discursos.

“Por que tanta briga após uma eleição já encerrada? Por que promover ambiente de novo um ambiente de ‘nós contra eles’? É preciso voltar o ‘Lulinha paz e amor’ para ajudar a desfazer esse tensionamento”, citou um dos presentes

Avaliação é de que encontro foi positivo

A avaliação final foi de que o encontro foi positivo e selou uma espécie “consenso” entre as prioridades defendidas pelo governo e o setor privado.


Esta coluna foi publicada no Broadcast no dia 16/02/2023, às 11h01

O Broadcast+ é uma plataforma líder no mercado financeiro com notícias e cotações em tempo real, além de análises e outras funcionalidades para auxiliar na tomada de decisão.

Publicidade

Para saber mais sobre o Broadcast+ e solicitar uma demonstração, acesse.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.