A Winity, empresa de infraestrutura de telecomunicações da gestora Pátria, deu o recado: se o acordo de compartilhamento de espectro com a Telefônica (dona da Vivo) não receber o aval do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), a empresa corre o risco de ficar inviável e, na pior das consequências, devolver a faixa de 700 MHz arrematada no leilão do ano passado. A declaração consta de documento encaminhado conjuntamente pela Winity e pela Telefônica ao Cade.
A Winity surpreendeu o mercado pelo tamanho do seu apetite no leilão das faixas de 4G e 5G em 2021. A empresa arrematou a frequência de 700 MHz com um lance de R$ 1,4 bilhão, o que implicou um ágio de 806%. A proposta deixou bem para trás os concorrentes - a Highline do Brasil, do fundo norte-americano Digital Bridge; e a operadora Datora, que apresentaram propostas de R$ 333 milhões e R$ 318 milhões, respectivamente. Na ocasião, a Winity também assumiu o compromisso de investir mais R$ 3,7 bilhões para implantar 5 mil torres de 4G em 35 mil quilômetros de rodovias, conforme previa o edital do certame.
Edital impedia grandes teles de disputarem a faixa de 700 MHz
A Winity foi criada em 2020 para ser fornecedora de soluções no atacado para as operadoras de internet, e sua primeira grande tacada foi anunciada em agosto deste ano, quando fechou um acordo para compartilhamento da faixa de 700 MHz com a Telefônica. Mas o negócio entrou na mira da Anatel porque o edital impedia as grandes teles de disputarem o 700 MHz justamente porque já têm lotes desta faixa em seus portfólios. O leilão visava atrair mais operadoras para o mercado, de modo que o acordo com a Telefônica poderia configurar uma forma de burlar o sistema, segundo apurou a Coluna com membros da agência reguladora.
Winity argumenta que desenvolvimento das redes exige escala
Nos últimos dias, a Winity encaminhou seu plano de negócios ao Cade afirmando ali que, sem o acordo com a Telefônica, a empresa não fica de pé porque o desenvolvimento das redes exige escala. “A não concretização da operação inviabilizaria a atuação da Winity como operadora de atacado, impedindo, consequentemente, a criação de um modelo inovador de negócios”, descreveu em um trecho. “A Winity não seria capaz de cumprir compromissos de cobertura dentro do prazo necessário e de forma financeira e economicamente sustentável, podendo levar, no limite, à devolução do espectro à Anatel”, escreveu, em outro. Ou seja, sem aval do Estado, a empresa do Pátria pode sair do jogo.
Procurada pela Coluna, a Anatel informou que já fez diligências para coleta de informações junto à Winity e reiterou que segue analisando o processo. A análise se dará pelos prismas regulatória, concorrencial e legal. Ainda não houve manifestação das áreas técnicas e não há prazo para conclusão devido à complexidade e ao ineditismo do caso.
Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 15/11/2022, às 10h00
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