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Bastidores do mundo dos negócios

Equatorial contrata Rothschild para estudar ativos da Light

Não é a primeira vez que empresa analisa a Light, que está em recuperação judicial

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Por Cynthia Decloedt (Broadcast) e Luciana Collet (Broadcast)
A Light, que opera no Rio, tem um histórico de problemas financeiros e já trocou de mãos diversas vezes Foto: Wilton Junior/Estadão

A companhia de energia Equatorial contratou o Rothschild & Co, que presta serviços financeiros a empresas, para estudar os ativos da Light. O grupo está em recuperação judicial, com dívidas que somam mais de R$ 11 bilhões. Não há um desenho definido para uma eventual operação. Segundo fontes, não é a primeira vez que a Equatorial analisa a Light, que tem histórico de problemas financeiros e já trocou de mãos diversas vezes.

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A Light precisará de uma injeção de capital em algum momento para sustentar o plano de recuperação da companhia. Quem acompanha de perto a situação afirma ser muito improvável a viabilização de um aporte no grupo sem visibilidade sobre a renovação da concessão, prevista inicialmente para 2026. “Quem vai aportar recursos em uma empresa que pode desaparecer em dois anos?”, disse uma fonte.

A própria administração da empresa admite que em um primeiro momento seria necessária a reestruturação das dívidas, e o desejado aporte viria somente em um segundo momento, quando houver mais clareza sobre o futuro da companhia.

Também a Equatorial, segundo fonte próxima à empresa ouvida pela Coluna, afirma que um eventual interesse na Light dependeria de um novo desenho da concessão. A condição atual da distribuidora é considerada insustentável, independentemente da gestão à frente da empresa. “A concessão tem um conjunto de problemas estruturais, que não estão só relacionados aos furtos de energia em áreas de domínio do crime organizado”, comentou.

Uma possível alternativa para a empresa, em meio às incertezas sobre a renovação da concessão de distribuição poderia ser a venda da empresa de geração, que é pouco alavancada e um negócio atraente. A operação, no entanto, é vista como um dos movimentos que ajudaria a equacionar as dívidas da distribuidora.

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A Light tem conversado com autoridades governamentais sobre a renovação da concessão, mas as conversas andam tensas, segundo fontes. A companhia precisaria provar sua sustentabilidade financeira para ser elegível à prestação dos serviços de energia nos 31 municípios atendidos pela empresa por mais 30 anos. E isso passa pela reestruturação de sua dívida.

Negociações

Credores ouvidos pela Coluna afirmam que a Light tem postergado conversas preliminares, para troca de informações, e que são a base para as negociações entre as partes que resultarão em um plano de soerguimento da elétrica. Executivos da empresa, por sua vez, dizem que conversam “diretamente ou indiretamente com esmagadora maioria dos credores”, mas evitam revelar o nível de engajamento. Dos R$ 11 bilhões que a Light tem em dívidas, cerca de R$ 7 bilhões correspondem a debêntures e outros R$ 3,1 bilhões a bonds (títulos de dívida) emitidos no exterior.

Um grupo de grandes gestoras que carregam debêntures em seus fundos está defendendo com unhas e dentes mais clareza nas conversas e exigindo explicações para o pedido de recuperação judicial. Embora estejam cientes de que poderá haver uma perda muito superior ao corte mínimo de 30% aventado pela atual administração da Light, querem explicações sobre vários movimentos feitos pela empresa. As debêntures da Light foram distribuídas a mais de 30 mil pessoas físicas, incluindo clientes da BB Asset, a maior gestora de fundos do Brasil.

Essas gestoras - que dizem responder por R$ 5 bilhões em debêntures - estão indignadas com o fato de a Light ter distribuído dividendos volumosos antes do pedido de recuperação judicial e de a nova administração ter, em sua remuneração, stock option - opção de ter ações da companhia no futuro. O valor da ação está intrinsecamente ligado ao menor custo da reestruturação dessa dívida, ou seja, maior desconto.

Debenturistas têm conversado com o empresário Nelson Tanure, que virou peça-chave, com uma fatia de 21,8% na empresa. Eles também se aproximam dos detentores de bonds, representados pela Moelis & Co. Mas são contatos que não se desdobraram em estratégias ainda. Procurada, o grupo Equatorial disse que “está sempre atento a oportunidades nos segmentos que atua, mas não comenta sobre possibilidades específicas de negócios ou aquisições”. A LIght não comentou.

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