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Gestora Urca suspende IPO, e Brasil encerra ano sem novatas na Bolsa pela 1ª vez desde 1998

Operação não prosperou por falta de demanda de investidores em meio às oscilações do mercado financeiro

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Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Circe Bonatelli (Broadcast) e Altamiro Silva Junior (Broadcast)
Atualização:
Com a suspensão da oferta da Urca, a bolsa vai passar o ano de 2022 sem nenhum IPO Foto: DANIEL TEIXEIRA/ESTADAO

A gestora carioca Urca decidiu suspender a oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Urca Real Estate Holdings Co, empresa constituída em Bermudas para investimentos imobiliários nos Estados Unidos, e que seria listada também na B3, via BDR (recibos que representam companhias estrangeiras). O negócio não prosperou por falta de demanda de investidores em meio às oscilações do mercado financeiro internacional e local. Também pesou o fato de que o setor imobiliário norte-americano atravessa uma fase difícil, com inflação e juros altos, que reduzem a atratividade dos aportes no ramo.

Restrição de saques por Blackstone e Starwood assustou investidores

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Nas últimas semanas, os investidores também ficaram mais receosos depois que as gigantes Blackstone e Starwood Capital passaram a restringir os saques dos seus fundos de investimentos imobiliários. Diante do mercado em retração, os cotistas correram para fazer saques, realizar lucros e aproveitar que esses fundos tiveram resultados bem melhores que a média por lá. A restrição se deu porque os pedidos de saques superaram os limites pré-determinados.

Para a operação da Urca ser fechada era preciso uma colocação mínima de R$ 25 milhões. A precificação da oferta estava programada para ontem (7), e a faixa sinalizada pela gestora era de R$ 52 a R$ 68. Com o preço no meio desse intervalo, a oferta base seria de R$ 480 milhões.

Bolsa brasileira vive período de seca de IPOs

Com a suspensão, a Bolsa no Brasil vai passar o ano de 2022 sem nenhum IPO, a primeira vez que isso acontece desde 1998. A operação da Urca Real Estate previa listagem na BSX, a Bolsa de Bermudas, mas incluiria também a oferta de BDRs, que são os recibos listados na B3 em nome da companhia estrangeira. A última oferta de BDR novo na B3 foi há exatamente um ano, em dezembro de 2021 com o IPO do Nubank. Em IPO de empresas locais, as últimas foram em agosto do ano passado, quando a Oncoclínicas e a Raízen estrearam na B3.

Volatilidade persiste em meio a incertezas sobre questão fiscal

O diretor de um banco de investimento na Faria Lima afirma não ter ficado surpreso com mais esse cancelamento de IPO. Esse executivo observa que a volatilidade alta, maior inimiga das ofertas de ações, persiste no mercado local e externo, em meio a dúvidas sobre os juros americanos e sobre os próximos passos do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, sobretudo na questão fiscal.

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Nesse ambiente, e com a Selic a dois dígitos, não há investidor disposto a tomar risco, completa ele. “Não me surpreende. A cautela nas alocações ainda é muito grande. No próprio mercado americano as novas ofertas estão mais difíceis de emplacar”, diz, prevendo um ano desafiador para ofertas de ações também em 2023.


Esta nota foi publicada no Broadcast no dia 07/12/2022, às 18h30

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